Marcos de Vasconcellos blog

Ligando os pontos

Textos de Marcos de Vasconcellos, jornalista, CEO do Monitor do Mercado, colunista da Folha de S.Paulo e assessor de investimentos.

Eleições trazem bons ventos para a Bolsa, aponta levantamento

Levantamento exclusivo feito pelo site Monitor do Mercado mostra que as perspectivas para Bolsa até outubro, quando acontecem as próximas eleições, são, sim, das piores. No entanto, depois da tempestade, o mercado tende a respirar aliviado, independente de quem sair vitorioso.

icone de relogio 30/12/2021 16:07

A queda de mais de 12% do Ibovespa neste ano deixará feridas, principalmente em que cultivava a esperança de que a pandemia tinha prazo de validade e apostou na recuperação do mercado em 2021. Mas os dados trazem uma boa notícia para quem gosta do mercado de ações, veja só.

O desastre fiscal, a economia empacada e a inflação galopante têm atrapalhado a vida dos investidores. O cenário se agrava com a incerteza típica de um ano eleitoral.

O foco do governo Bolsonaro na reeleição já ficou claro para os grandes investidores. A falta de perspectiva de mudanças estruturais e de compromisso com o teto de gastos afasta o dinheiro do país e torna o mercado mais volátil.

Acontece que Jair Bolsonaro não é o primeiro presidente que o Brasil já teve. E não será o último. Apesar de jovem, nossa experiência democrática após a ditadura militar serve como base de comparação e termômetro do mercado financeiro.

Levantamento exclusivo feito pelo site Monitor do Mercado mostra que as perspectivas para Bolsa até outubro, quando acontecem as próximas eleições, são, sim, das piores. No entanto, depois da tempestade, o mercado tende a respirar aliviado, independente de quem sair vitorioso.

Baixe o estudo completo >aqui<.

O estudo mostra que nas últimas seis eleições, o semestre imediatamente anterior ao pleito tende a ser negativo para o Ibovespa, enquanto os seis meses seguintes à votação costumam ser positivos.

Às vésperas da reeleição de Fernando Henrique Cardoso, em 1998 (primeiro dado disponível), o índice caiu cerca de 45% em apenas seis meses. Antes da primeira eleição de Lula (2002), a queda foi de praticamente 35%.

No entanto, após a votação, a Bolsa tende a reagir bem. Nos seis primeiros meses depois da reeleição de FHC, o Ibovespa subiu impressionantes 60%. Após a reeleição de Lula (em 2006), o principal indicador do nosso mercado ganhou cerca de 25% em sua pontuação.

Tirando a primeira eleição de Dilma Rousseff (2010), todas as votações seguiram a mesma lógica: os seis meses após a definição do novo presidente foram positivos para o mercado de ações.

O raciocínio não parece fazer distinção entre candidato ou partido. Mandatários eleitos pelo PT, PSDB ou PSL tiveram sua lua de mel com o mercado.

Quando aumentamos o período da análise, olhando os 12 meses posteriores ao pleito, as altas do Ibovespa são ainda mais significativas. Foram desde 22% de alta após a confirmação de Bolsonaro até 75% de alta com a primeira eleição de Lula. A exceção, novamente, fica a cargo de Dilma Rousseff. Imediatamente um ano após suas duas vitórias nas urnas, o mercado caía.

Como você deve saber, o que incomoda os investidores mais do que qualquer coisa é a incerteza. E a véspera de qualquer eleição é uma verdadeira roleta russa, ainda que as pesquisas tentem mitigar isso, o grau de imprevisibilidade continua altíssimo.

Claro que seis eleições não são uma base perfeita para determinar tendências, mas é essencial levar em consideração os dados que temos à mão na hora de escolher os nossos investimentos. E o passado costuma dizer muito sobre o futuro.

Falando em futuro, um feliz Ano Novo, com ótimos investimentos, informação de qualidade e bons negócios!

*Marcos de Vasconcellos é jornalista e assessor de investimentos. CEO do Monitor do Mercado, escreve às sextas-feiras na Folha de S.Paulo, sobre investimentos.

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