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Daniel Coquieri: "Halving: uma transformação muito além do preço do Bitcoin"

Neste ano, os investidores irão se deparar com um fenômeno que ocorre a cada quatro anos e todos que aplicam seu dinheiro em Bitcoins devem ficar atentos: o halving.

icone de relogio 06/02/2020 13:55

Daniel Coquieri*

O mercado financeiro é marcado por um cenário constante de altas e baixas, tudo vive em constante transformação. E, se isso acontece com moedas tradicionais, por que seria diferente no mundo das criptomoedas? Temos um movimento frequente de variação de preço, novas criptos e, ainda, alterações na dinâmica do mercado.E é justamente esse último ponto que veremos acontecer em 2020.

Neste ano, os investidores irão se deparar com um fenômeno que ocorre a cada quatro anos e todos que aplicam seu dinheiro em Bitcoins devem ficar atentos: o halving. Diferente do que muitos imaginam, o software do Bitcoin foi programado para ter a escassez de moedas a longo prazo. O que isso quer dizer? Esses sistema precisa emitir 21 milhões de moedas durante um período determinado de tempo e, para que possa cumprir essa jornada dentro das datas especificadas, ele precisa diminuir essa emissão a cada quatro anos, reduzindo pela metade o total ofertado. Para aqueles que estão curiosos: o próximo halving está estimado para o dia 7 de maio de 2020 e o último bitcoin deve ser minerado em 27 de novembro de 2102.

Mas é prematuro dizer que precisamos nos preocupar com o que vem pela frente. Temos aí um período de pouco mais de 80 anos para explorar as possibilidades do Bitcoin. Por exemplo, depois do boom em 2017 no Brasil, cada vez mais pessoas buscam investir na critpomoeda. Um levantamento da Receita Federal nos mostra que, entre agosto e setembro de 2019, os brasileiros declararam quase R$ 14 bilhões em transações com moedas virtuais. Ou seja, sinto que podemos ver aí um cenário otimista, portanto, não há motivos para temer o halving.

A diminuição da oferta de novos bitcoins no mercado acaba gerando um impacto positivo no preço do ativo, baseado no que já observamos em ocasiões anteriores a 2020. E olha que temos hoje um cenário bem diferente de quando tudo começou. O mercado de 2012 tinha tamanho, players e liquidez diferentes, assim como em 2016. Sendo assim, temos a expectativa de que o preço suba, mas não podemos cravar com precisão uma vez que estamos sujeitos a lei de oferta e procura. Aliás, esta demanda provavelmente também deve subir visto que o tema vai estar em alta no mercado, fazendo com que mais pessoas se interessem por Bitcoins.

Mais do que promover uma revolução em valores de ativos, o halving irá modificar também o mercado. É possível até que impacte outras moedas, trazendo uma mudança no comportamento do investidor que, após ouvir sobre o fenômeno, pode também aproveitar o momento para colocar uma parte do investimento em outro ativo em menor proporção. Ou seja, o mercado como um todo deve ter uma alta e sair ganhando.

Veremos então um movimento de compra fracionada de moedas para aproveitar o melhor momento de valorização. Dizer que o halving está chegando não significa fazer uma previsão de que os preços irão disparar, mas que o comportamento do mercado irá se transformar em uma atividade consciente, inteligente e calculada de investimentos.

*Daniel Coquieri é COO e cofundador da BitcoinTrade, corretora especializada no mercado brasileiro de criptomoedas.

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