JUROS: Taxas fecham em queda após avanço da reforma do IR
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São Paulo, 29 de setembro de 2021 - As taxas de contratos futuros (DIs)
fecharam em queda, após a sinalização de que a reforma do Imposto de Renda
pode ser votada na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado até o
final do mês que vem, o que diminui a preocupação com soluções fora do teto
de gastos para a adoção do Auxílio Brasil. Os riscos fiscais nos Estados
Unidos, porém, seguem no radar.
Os senadores já definiram o provável cronograma para a votação da
reforma do Imposto de Renda. Foi acordado que o parecer final da matéria, de
autoria do senador Ângelo Coronel (PSD-BA), será apresentado até o fim de
outubro. Após isso, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), deve
levar o texto diretamente ao plenário, no início de novembro.
Para Vitor Carettoni, diretor da Lifetime Investimentos, enxerga ainda os
DIs bastante pressionados: "As taxas nos últimos dias estão extremamente
elevadas, não por causa do aumento da Selic, mas por risco fiscal", diz. "A
partir do momento que o Banco Central sinaliza continuar no ciclo de alta da
taxa básica, a tendência é que os juros caiam", completa.
Carettoni, porém, faz uma ressalva: "Para isso acontecer, precisamos de
sinalizações boas de Brasília: resolução dos precatórios, Auxílio
Emergencial, Bolsa Família... e por aí vai. Enquanto isso não acontecer, não
importa o que o Banco Central faça na Selic, essa curva longa de juros vai
continuar pressionada", diz.
O avanço da Reforma do Imposto de Renda é uma dessas "boas
sinalizações" que acalmou o mercado.
O time da Ouro Preto Investimentos destaca também o resultado do IGP-M
abaixo da expectativa do mercado como um dos fatores positivos e que tirou
pressão da inflação. A queda do índice foi de 0,65%
reportagem estimavam queda de 0,45%.
Apesar do avanço da reforma do IR, a Ouro Preto está ressabiada quanto a
questão fiscal no país. "A PEC dos Precatórios demora a andar e não parece
que o Congresso está célere na resolução dessa questão", diz. "Dessa
forma, vemos indícios de que, caso seja necessário escolher entre
responsabilidade fiscal ou implementação de medidas, o Governo provavelmente
ficará com a segunda opção, se não pelo Bolsa Família, através do Auxílio
Emergencial", completa a Ouro Preto. "Isso certamente deve pressionar a curva
de juros a médio e longo prazo", finaliza.
Os investidores seguem também monitorando a crise orçamentária nos
Estados Unidos. A secretária do Tesouro, Janet Yellen, afirmou que o governo
pode ficar sem dinheiro em 18 de outubro caso o teto da dívida não seja
elevado, o que pode impedir o pagamento de compromissos financeiros e ter
consequências catastróficas.
Em votação ontem, os democratas abandonaram a tentativa de combinar o
aumento do limite da dívida e o financiamento provisório do governo em um
projeto de lei do Senado. Eles querem uma votação hoje sobre uma medida que
estende o financiamento até 3 de dezembro, sem aumentar o teto, após os
republicanos bloquearem uma tentativa anterior.
Jennie Li, estrategista de ações da XP Investimentos, recorda: "O último
e maior shutdown norte-americano aconteceu entre dezembro de 2018 e janeiro de
2019, em meio aos acordos para que o então presidente Donald Trump construísse
o muro com o México. À época, foram 35 dias de paralisação", diz.
"Caso o cenário siga indefinido, todas as agências federais dos Estados
Unidos que não são essenciais podem parar de funcionar, o que pode ter um
impacto de curto prazo no crescimento", disse Li.
Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 apresentou taxa de
7,180% de 7,180% no ajuste anterior
9,120%, de 9,165% de ontem
mesma comparação. E o DI para janeiro de 2027 fechou em 10,570% de 10,670%
antes. No mercado de câmbio, o dólar com vencimento para outubro também
operava em queda, cotado a R$ 5,42.
Pedro de Carvalho / Agência CMA
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