As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) operam em alta, em ajuste de fim de mês e com mercado digerindo o novo arcabouço fiscal.
A nova regra vai limitar o crescimento dos gastos a 70% da alta na receita, mas há exceções, como Fundeb e piso da enfermagem. A proposta substitui o teto de gastos, regra que limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior.
O arcabouço também pretende zerar o déficit já no próximo ano e deixar as contas no azul a partir de 2025. Pela proposta, a dívida pública ficará estabilizada em 2026.
Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama Investimentos, destaca que os fins de mês costumam ser de arrumação. “O mercado sempre dá uma chacoalhada, disse.
Ele acredita, entretanto, que os próximos dias serão para entender melhor o novo arcabouço. Devemos ver como o Congresso vai receber a nova regra fiscal e quais mudanças vai propor, afirmou.
A Bolsa passou a firmar queda em dia de ressaca, após vários pregões em altas com os investidores ainda atentos à nova regra fiscal, divulgada na véspera pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad. O arcabouço, que substitui o teto de gasto, foi bem recebido pela concretização, mas ainda gera dúvidas entre os agentes financeiros. Somado a isso. as ações ligadas às commodities, que têm forte peso no índice caíam. Petrobras (PETR3 e PETR4) perdia 1,21% e 0,87%. Vale (VALE3) tinha queda de 0,98%. Os papéis da Cogna (COGN3) subiam mais de 7% refletindo a recomendação de compra das ações pelo JP Morgan.
Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, disse que após a sequência de sessões em alta, a Bolsa tem um dia de ressaca “passada a euforia do arcabouço fiscal. A nova regra ajuda porque é uma materialização, mas em termos técnicos ficou muito estranho. O índice Small Caps (-1,16%) está caindo em linha com o Ibovespa. Os bancos estão indo bem, mas os pesos pesados como Petrobras e Vale não estão em um dia bom. Gerdau e Usiminas conseguem subir”.
O dólar segue em queda. Além do bom humor após a divulgação do novo arcabouço fiscal, o ambiente global é de menor aversão ao risco. De acordo com o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “o principal driver da semana é o externo, com o dólar se desvalorizando frente às emergentes. A ausência de notícias ruins sobre os bancos faz com que o mercado continue em uma trajetória de alta”. Rostagno entende que a reação à nova âncora fiscal foi positiva, mas moderada: “O arcabouço ainda apresenta muitas lacunas a serem esclarecidas pela proposta. Não conseguimos avaliar o quão crível ele é. Em linhas gerais, para o arcabouço funcionar é necessário o aumento de receitas”, diz, ainda apontando um cenário externo desafiador e a falta de harmonia entre Câmara e Senado.
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Pedro do Val de Carvalho Gil / Agência CMA
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