A Bolsa fechou em alta, acima dos 101 mil pontos, em mais um dia de expectativa para o anúncio da nova regra fiscal, que vai substituir o teto de gastos.
Os investidores passaram toda a sessão com apreensão e a liquidez foi reduzida. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está reunido com o presidente Lula para depois divulgar a proposta.
Outro ponto que ajudou a impulsar a Bolsa no final dos negócios foi a Petrobras (PETR3 e PETR4) com o fato relevante divulgado pela estatal de que os processos de investimentos e desinvestimentos terão de seguir o “Plano Estratégico” da companhia.
“O que está acordado em relação a investimento e desinvestimentos em contrato não se mexe vão respeitar, isso traz tranquilidade e ajudou a Bolsa”, disse um analista do mercado. As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) fecharam em alta de 1,05% e 1,31%.
Mas o Ibovespa apresentou bastante volatilidade durante a sessão de hoje. Mais cedo, a Bolsa chegou a cair mais por conta dos dados do Caged mais fortes, que podem pressionar a inflação e uma decisão do Confaz sobre elevação dos combustíveis que também deve pesar sobre os preços.
O principal índice da B3 subiu 0,60%, aos 101.792,52 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril avançou 0,43%, aos 102.320 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,2 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.
Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, disse que o Ibovespa está bem volátil na expectativa do arcabouço. “Gostaria de ver no anúncio do Haddad uma política mais restritiva, estabilização da dívida pública, zerar déficit, responsabilidade fiscal. Se a gente conseguir mostrar que tem todas as dívidas sob controle, conseguimos trazer uma confiança maior ao País e fazer com que o investidor estrangeiro volte para a Bolsa e o país volte a crescer”.
Segundo Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, a queda da Bolsa tem relação com os dados fortes do Caged- 241.785 empregos formais em fevereiro “indicando que devemos ter pressão inflacionária por causa dos serviços; somado a isso a decisão do Confaz deve fazer com que os preços dos combustíveis subam, pressionando ainda mais a inflação”.
O Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) estabeleceu a cobrança única de ICMS nas operações de gasolina e etanol, com alíquota de R$1,4527 por litro a valer a partir de 1 de julho.
Já André Luzbel, head de renda variável da SVN, disse que a queda da Bolsa está relacionada com o “arcabouço fiscal e a baixa liquidez do mercado”.
Segundo um analista de uma grande corretora, os investidores “estão apreensivos à espera do arcabouço e não querem se arriscar “.
Felipe Cima, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a agenda está esvaziada e o Caged não deve trazer impacto pra Bolsa.
“A grande expectativa fica para o arcabouço fiscal e o Haddad tem sido vogal de zerar o déficit público; se não fossem os bancos e a Vale a Bolsa estaria caindo na sessão de hoje”. Cima comentou sobre os balanços das empresas do 4T22, que “têm apresentado números ruins e para 1T23 as projeções não são positivas, a tendência é de desaceleração da atividade”.
O operador de renda variável da Manchester Investimentos também ressaltou que “a dinâmica de juros está comandando a Bolsa”. Nos Estados Unidos, aumentou a parcela de investidores que aposta em uma elevação de 0,25 ponto porcentual (pp) na próxima reunião, mas vai depender da divulgação de indicadores.
Na sexta-feira (31), sai a inflação PCE de fevereiro. Por aqui, o Banco Central (BC) enfatizou na ata da véspera que pode voltar a subir os juros.
Soraia Budaibes / Agência CMA
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