O dólar iniciou a sessão em forte queda nesta quarta-feira (3). A moeda caía 1,92%, a R$ 5,56 às 11h06, na mínima do dia. Os investidores amanheceram atentos à reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O encontro entre os dois não constava na agenda oficial da presidência.
Mas a preocupação com a moeda americana continua — ainda hoje, os olhares seguem voltados para o cenário fiscal em meio aos atritos entre Lula e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Além disso, o mercado também está na expectativa da divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve, às 15h.
Caso se confirme a queda neste patamar, será a maior desde 6 de janeiro do ano passado, quando o dólar se desvalorizou 2,35% ante o real. Às 13h12, a moeda recuava 1,89%, a R$ 5,57.
Preocupação com o cenário fiscal
No final do primeiro semestre, o dólar seguiu uma tendência de alta e renovou as máximas intradiárias de forma recorrente, ancorado pelo cenário fiscal conturbado. Para se ter uma ideia, ontem, terça-feira (2), a moeda alcançou o patamar de R$ 5,70 pela primeira vez desde janeiro de 2022.
O encontro entre Lula, Haddad e a equipe econômica do governo para debater sobre ‘temas fiscais’, segundo o governo, acendeu ainda mais o sinal de alerta do mercado.
Em pé de guerra com Campos Neto, Lula afirmou ainda nesta terça que a reação da moeda nos últimos dias após críticas à condução da política monetária do BC, “não têm explicação”.
Nesta tarde, o presidente se reunirá novamente com Haddad, e outros ministros, como Simone Tebet (Planejamento), para tratar sobre o câmbio. O tema do encontro foi revelado por Lula ontem em entrevista. Segundo ele, “a subida do dólar preocupa, mas é uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o real”.
Olhares para o ambiente externo
O dia de queda para o dólar também é influenciado por dados econômicos do exterior. Os dados do PMI (que medem a atividade econômica) dos Estados Unidos vieram abaixo do esperado pelo mercado, reforçando uma possibilidade de cortes de juros pelo Federal Reserve.
Novos indicativos para o futuro da política monetária norte-americana devem ser revelados nesta tarde com a divulgação da ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc).
A participação de Jerome Powell, presidente do Fed, no Fórum do BCE, nesta segunda, também trouxe novas perspectivas para os investidores. De acordo com o monitoramento do CME Group, a chance do ciclo de corte de juros iniciar em setembro aumentou para 74,4%.
Comportamento do dólar nas últimas semanas
Nas últimas semanas, a moeda tem subido em disparada, em meio as especulações que fizeram o real fechar o semestre como uma das moedas mais desvalorizadas do mundo em 2024.
O recorde intradiário de R$ 5,70 atingido no último pregão não era visto há dois anos e meio, mas a expectativa para a moeda até o final do ano está bem abaixo desse número, segundo o último Boletim Focus.
O levantamento feito pelo Banco Central e divulgado na última segunda (1), apontou que o dólar deve terminar o ano em R$ 5,20. As projeções para o câmbio subiram pela terceira semana consecutiva.
Uma manutenção do dólar neste patamar, pode ocasionar num aumento das expectativas para os juros e inflação. No entanto, para que isso aconteça, a moeda precisaria seguir o viés de alta no longo prazo.
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