A CSN divulgou ontem o balanço do quarto trimestre de 2022, com lucro líquido de R$ 197 milhões, queda de 81% na comparação com o mesmo período de 2021, mesmo considerando os maiores impactos com despesas financeiras e com variação cambial verificados no período. Em 2022, o lucro líquido foi de R$ 2,2 bilhões, uma redução de 84% em relação ao ano de 2021, período este marcado pelo recorde histórico de rentabilidade da companhia e pelo efeito do IPO da CSN Mineração.
O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado fechou em R$ 3,12 bilhões, queda de 16% em comparação ao quarto trimestre de 2021, com uma margem Ebitda ajustada de 27,1% ou 3,2 p.p. acima da registrada no trimestre passado. Esse aumento de rentabilidade é consequência direta da melhora dos resultados de mineração, que foi responsável por 57% do desempenho do trimestre e mais do que compensou a dinâmica mais fraca observada para o segmento siderúrgico. Em 2022, o Ebitda Ajustado atingiu R$ 13,8 bilhões, um resultado 30,1% inferior ao de 2021, devido a menores resultados operacionais do ano, refletindo as reduções de preço no minério e maiores custos de matérias-primas na siderurgia.
A receita líquida totalizou R$ 11,1 bilhões, o que representa 2,1% de aumento quando comparado com o terceiro trimestre de 2022 como consequência do maior volume de minério de ferro comercializado no período, além do preço realizado mais alto e do efeito positivo da incorporação da Cimentos Brasil (ex-Lafarge Holcim Brasil) no resultado consolidado.
Segundo a companhia, esses fatores acabaram por compensar a dinâmica mais fraca observada no mercado siderúrgico no final do ano. Em 2022, a receita líquida totalizou R$ 44.362 milhões, uma redução anual de 7,4% devido principalmente aos desafios operacionais na mineração, relacionados a um alto volume de chuvas observado no início do ano, além de toda a instabilidade nos preços internacionais de minério. O resultado, contudo, foi parcialmente compensado por importantes aquisições realizadas pela companhia, como a Cimentos Brasil e a CEEE-G, ambas com seus resultados consolidados agora no quarto trimestre de 2022.
O resultado financeiro foi negativo em R$ 1,18 bilhão, o que representa um aumento de 271% em relação ao trimestre anterior, como consequência de um maior custo de dívida, além do efeito negativo da variação cambial. No acumulado do ano, o resultado financeiro foi negativo em R$ 3,5 bilhões, impactado principalmente pelo aumento dos juros pagos no período e pela variação negativa das ações da Usiminas observada no ano.
Segundo a companhia, foram investidos um total de R$ 1 bilhão no quarto trimestre de 2022, um desempenho 23% superior em relação ao montante investido no trimestre passado, como consequência da aquisição de equipamentos para a operação de cimentos e da incorporação dos investimentos correntes das operações da Cimentos Brasil. No ano, foram investidos R$ 3.413 milhões, um aumento de 16% em comparação com 2021, impactado principalmente pela incorporação da Cimentos Brasil e pela aceleração do Capex verificado no final do ano.
A produção de placas somou 959 mil toneladas, um desempenho 6,5% inferior em relação ao terceiro trimestre de 2022. Por sua vez, a produção de laminados planos, nosso principal mercado de atuação, atingiu 873 kton, o que representa uma retração de 1,4% em relação ao terceiro trimestre de 2022, em linha com a sazonalidade da operação. No ano de 2022, a produção de placas atingiu 3.774 mil toneladas, uma redução de 7,3% em relação ao ano anterior, devido a paradas programadas e pressões nos custos de produção e na cadeia de suprimentos, em razão do conflito entre Rússia e Ucrânia.
As vendas totais atingiram 1.008 mil toneladas no quarto trimestre de 2022, volume 1,6% inferior ao registrado no mesmo período de 2021. Ao se analisar o comportamento nos diferentes mercados, percebe-se que as vendas domésticas foram as principais responsáveis por essa contração ao somar 740 mil toneladas de produtos siderúrgicos, o que representa redução de 14% em relação ao terceiro trimestre de 2022, como resultado de uma sazonalidade que foi ainda mais acentuada no final deste ano em razão da Copa do Mundo e incertezas relacionadas ao ambiente político. No mercado externo, as vendas do 4T22 somaram 269 mil toneladas e foram 11% inferiores às realizadas no 3T22, como consequência de um menor volume de vendas verificado no mercado Europeu. Durante o trimestre, 8 mil toneladas foram exportadas de forma direta e 261 mil toneladas foram vendidas pelas subsidiárias no exterior, sendo 39 mil toneladas pela LLC, 154 mil toneladas pela SWT e 69 mil toneladas pela Lusosider.
A receita líquida na Siderurgia atingiu R$ 6 bilhões, um desempenho 21,4% inferior ao verificado no terceiro trimestre de 2022, como resultado de uma sazonalidade mais acentuada verificada neste trimestre que combinou menores vendas em razão da instabilidade do período eleitoral, incertezas em relação ao ciclo econômico e Copa do Mundo, com preços mais baixos.
A dívida líquida consolidada atingiu R$ 30,4 bilhões, com o indicador de alavancagem medido pela relação Dívida Líquida/EBITDA alcançando 2,2x. Esse aumento da alavancagem é consequência de uma série de desembolsos realizados no período, principalmente os relacionados à aquisição da CEEE-G, como o desembolso de R$ 2 bilhões para pagamento da outorga, além da distribuição de dividendos. No entanto, quando se considera os recursos com o pré-pagamento de minério obtidos em janeiro no endividamento do final do ano, a alavancagem ficaria em 2,0x e dentro do guidance divulgado pela CSN, o que reforça o efeito transitório e excepcional dessa alavancagem acima do teto. Adicionalmente, mesmo com o maior volume de desembolsos financeiros, a CSN manteve a sua política de carregar um caixa elevado, que neste trimestre atingiu o patamar de R$ 12 bilhões.
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Emerson Lopes / Agência CMA
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