O dólar à vista apresentou leve queda de 0,20%, a R$ 5,43, nesta sexta-feira (12), após uma manhã de alta devido a ruídos políticos e fiscais. A moeda americana seguiu o comportamento de desvalorização no exterior, mesmo com a inflação no atacado nos Estados Unidos levemente acima do esperado. A expectativa de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) a partir de setembro impulsionou essa movimentação.
Recuperação do real e desempenho do Ibovespa
A recuperação do real na segunda etapa de negócios esteve alinhada ao aumento dos ganhos do Ibovespa, que superou momentaneamente a linha dos 129 mil pontos. Além disso, o dólar perdeu força em relação a outras moedas latino-americanas. Dados da B3 indicam um saldo positivo de R$ 2,88 bilhões em investimentos estrangeiros em ações domésticas até o dia 10 deste mês.
Cotação do dólar e desempenho semanal
O dólar à vista oscilou entre a mínima de R$ 5,4160 e a máxima de R$ 5,4656, fechando o pregão em baixa de 0,20%, cotado a R$ 5,4311. Na semana, a moeda americana acumulou uma perda de 0,57%, e em julho, a desvalorização é de 2,81%. No entanto, o desempenho do real na semana e no mês foi inferior aos pesos mexicano, chileno e colombiano, devido a questões fiscais internas.
Tensão fiscal e perspectivas para o real
Em entrevista ao Estadão, o economista-chefe da Monte Bravo, Luciano Costa, destaca que o real poderia ter se apreciado mais em uma semana positiva para divisas emergentes. No entanto, a tensão fiscal, incluindo debates sobre a desoneração da folha de pagamentos e a expectativa pelo relatório bimestral de receitas e despesas, limitou essa valorização. Costa acredita que um bloqueio de R$ 10 bilhões a R$ 20 bilhões poderia ser positivo para o real, trazendo possivelmente o dólar para perto de R$ 5,30.
Ruídos políticos e impacto no mercado
Analistas apontam que os recentes ruídos políticos, como a disputa entre o Ministério da Fazenda e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre medidas de compensação da desoneração, também influenciaram o mercado. A afirmação de Pacheco de que “não há receptividade política” para o aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) proposto pela Fazenda, aumentou a incerteza.
Cenário externo e impacto no dólar
No cenário internacional, o índice DXY, que mede o comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis moedas fortes, caiu novamente, aproximando-se dos 104,000 pontos. A valorização do iene, possivelmente devido a intervenções no mercado de câmbio pelo Banco do Japão (BoJ), impactou negativamente as divisas emergentes. Além disso, as taxas dos Treasuries caíram pelo segundo dia seguido, com a T-note de 10 anos abaixo de 4,20%. O monitoramento do CME Group indica 51% de chances de uma redução total de 75 pontos base na taxa básica americana este ano.
Dados de inflação e expectativas para o Fed
Após a surpresa com a retração da inflação ao consumidor nos EUA em junho, hoje a inflação ao produtor (PPI) veio levemente acima do esperado. No entanto, a consultoria britânica Capital Economics apontou que a abertura do PPI foi positiva, com componentes que influenciam a medida de inflação favorita pelo Fed, o PCE, abaixo das expectativas. Além disso, o índice de confiança do consumidor americano, elaborado pela Universidade de Michigan, apresentou queda superior à esperada.