Cartada das golden shares é vazia como polêmica do golden shower
Questionado por um jornalista sobre o fato de a americana Boeing ter desistido de comprar a parte de aviação civil da Embraer, Bolsonaro respondeu: "Tem golden share. É minha. Eu assino. Se o negócio for desfeito, talvez se recomece uma nova negociação com outra empresa".
O caso da Embraer é o tema da coluna do Monitor do Mercado na Folha de S.Paulo nesta semana. Clique aqui para ler.

mas preferiu mostrar ou fingir desconhecimento.
Foto: Carolina Antunes/PR
Bolsonaro poderia ter sacado o celular para buscar na internet o que significava o termo em inglês. Ou perguntado ao “posto Ipiranga”, o ministro Paulo Guedes, versado no mercado financeiro, que estava ao seu lado no momento da declaração.
Mas preferiu mostrar ou fingir desconhecimento sobre a tal ação preferencial de classe especial.
São papéis que dão à União poderes especificados no estatuto social das empresas. Existem em três delas, listadas em bolsa: Embraer, IRB Brasil e Vale.
Na gigante da aviação, por exemplo, a União possui uma ação dessas, que dá poder de veto em casos como transferência do controle acionário da empresa e sua mudança de nome. Além disso, cabe à União autorizar ofertas públicas de ações, caso alguém compre mais do que 35% dos papéis da companhia.
E qual é a utilidade disso em casos nos quais a venda havia sido aprovada e houve desistência da outra parte? Nenhuma. Serve como bravata, para passar imagem de poder a quem não entende o que foi dito.
É um discurso vazio como a polêmica gerada quando Bolsonaro usou suas redes sociais para divulgar imagens de um homem urinando na cabeça de outro e, no dia seguinte, perguntou à plateia virtual: "o que é golden shower".
Vazio também é o conjunto de vezes que a União fez uso de seus direitos de veto como detentora das golden shares, em votações nas três empresas. De acordo com informações da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, nunca.