O presidente da Vale, Eduardo Bartolomeu, disse que a mineradora projeta um portfólio maior de minério de ferro a partir de 2023, com maior teor da commodity nas vendas. A produção de minério de ferro será de 310-320 mt e 340-360 em 2023 e 2026, com teor de minério de ferro nas vendas de 62,9% e 63,5% nesses períodos.
Em 2022, a produção foi de 308 Mt com teor de 62,2% nas vendas. Com isso, a Vale disse que busca melhorar a qualidade da matéria-prima e fornecer soluções verdes para siderurgia. Os dados foram apresentados na reunião pública de apresentação dos resultados do quarto trimestre de 2022 (4T22), na manhã desta sexta-feira.
“O nosso negócio é uma maratona. Quem embarcar vai colher bons resultados no futuro”, disse CEO em resposta a analistas sobre a perspectiva de resultados da companhia. “A companhia foi benchmark em minério de ferro de melhor qualidade e nossos prêmios consideram melhorias na curva de custos.”
O executivo disse que os negócios com a China “vão bem” e que a companhia tem boas perspectivas com a reabertura econômica do país.
Em suas perspectivas para o ano, a Vale anunciou que busca “uma organização adequada ao objetivo para entregar a estratégia de longo prazo; adoção de medidas para atender a demanda crescente de produtos de qualidade no mercado; entrega de novos projetos para transição energética; e disciplina de capital e retorno ao acionista continuam como prioridade.”
Em relação ao novo desenho organizacional anunciado ontem à noite — houve uma mudança na nomenclatura de suas divisões, com Minerais Ferrosos passando a se chamar Soluções para Siderurgia e Metais Básicos se tornando Materiais para Transição Energética -, a Vale disse que Jerome Guillen será conselheiro independente para a área de Materiais para Transição Energética. O executivo estava na Tesla e a Vale disse que busca pessoas que possam agregar conhecimentos em veículos elétricos.
“A mudança foi feita com foco na melhoria de resultados e entrega de soluções verdes”, disse Gustavo Pimenta, vice-presidente executivo de finanças da Vale, durante a apresentação.
A Vale espera alcançar uma redução de custos de níquel com o ramp-up (aumento de produção) da mina de Salobo 3, em Marabá (PA), segundo Pimenta.
“Estamos empolgados com esse ramp-up, há muito potencial, nossa geração de caixa está subestimada”, disse Bartolomeo sobre o projeto.
A mineradora anunciou projeções de melhoria de custos para o ano. Em ebitda break-even de finos de minério de ferro e pelotas, a meta é baixar para US$ 47/t, de US$ 49,3. No níquel, o custo all-in deve cair para US$ 13.000/t em 2023, de US$ 13.440/t em 2022. Em cobre, o custo all-in ex-Hu’u deve cair para US$ 3.200/t de US$ 4.502/t na mesma base de comparação. “Os volumes estão um pouco flat e queremos retirar o custo com os produtos”, comentou a diretoria.
Deshnee Naidoo, vp de metais básicos, disse que o guidance para níquel prevê mudanças e inclui o ganho de produção. “Esperamos ano parecido para níquel. Para o cobre, teremos 10 mil toneladas e apoio melhorado em relação a 2022. Precisamos ganhar com a manutenção de Salobo e Sossego, mapear riscos, ver os backlogs. Em janeiro tivemos um bom desempenho”, comentou a executiva.
Marcelo Spinelli, de soluções de minério de ferro, disse que a área de briquete está em testes e que a companhia analisa o impacto do produto nas embarcações. “Para esse ano, o plano é testar, temos estratégia comercial parecida com pellets e vamos buscar fornecer para os nossos clientes mundiais”, disse.
Em relação aos resultados do 4T22, Pimenta disse que o fluxo de caixa foi impactado por capital de giro e capex, como disse em seu balanço, e espera reverter esse efeito no capital de giro nos próximo trimestres.
Ontem a companhia anunciou o pagamento de US$ 1,8 bilhão de dividendos em março e que 43% do seu atual programa de recompra está concluído.
O programa de recuperação integral de Brumadinho encontra-se com 42% de conclusão pendente, com total aportado de R$ 37,7 bilhões.
Em relação ao impacto da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), a Vale reservou US$ 150 milhões em impacto em seu resultado do 4T22.
A Medida Provisória 1152/22 alterou a legislação do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da CSLL das pessoas jurídicas que realizam transações com partes relacionadas no exterior. As mudanças entraram em vigor a partir de 1 de janeiro para contribuintes que optaram pela aplicação das novas regras de preços de transferência. Para os demais, valem a partir de 1 de janeiro de 2024.
O preço de transferência é aquele cobrado pela empresa em transações no exterior de sua entidade relacionada (coligada, filial, sucursal etc.) por produtos, serviços ou bens intangíveis, normalmente fora das condições de mercado. Isso poderá afetar a tributação, especialmente quando a operação envolve paraísos fiscais.
O texto foi publicado na edição do Diário Oficial da União em 30 de dezembro de 2022 e será analisada agora pelos plenários da Câmara dos Deputados e do Senado.
Cynara Escobar / Agência CMA
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