Nesta terça-feira (12), os juros futuros encerraram com uma queda significativa, impulsionados pela perspectiva positiva sobre a composição do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro. Essa tendência reforçou as expectativas em relação a um possível comunicado mais flexível do Comitê de Política Monetária (Copom), previsto para acontecer amanhã. Especula-se que tal comunicação possa abrir espaço para uma aceleração no ritmo de redução da Selic ou indicar uma taxa terminal mais baixa. Contribuindo para esse cenário, houve alívio na curva dos Treasuries e uma queda nos preços do petróleo nos mercados internacionais.
Indicadores apontam para redução das taxas
O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025, que reflete a percepção do mercado sobre as decisões do Copom em 2024, registrou uma queda de 10,312% para 10,245% (mínima), o menor nível desde 14 de outubro de 2021 (10,06%). O DI para janeiro de 2026 também cedeu para 9,90%, enquanto o DI para janeiro de 2027 encerrou em 10,01% e o DI para janeiro de 2029 recuou para 10,46%.
A leitura do IPCA de novembro influenciou a tendência de queda no início dos negócios. O índice de 0,28% ficou próximo do consenso de 0,29%, em comparação com 0,24% em outubro. No acumulado em 12 meses, o IPCA desacelerou para 4,68%, abaixo do teto da meta de 4,75%. A abertura dos dados revelou uma queda no índice de difusão, uma desaceleração dos núcleos e um crescimento nos serviços subjacentes, alinhando-se ao consenso.
Expectativas e possíveis movimentos do Copom
A tendência de queda nas taxas não modificou as expectativas de um corte de 0,50 ponto percentual na Selic na reunião do Copom, conforme amplamente sinalizado pelo Banco Central. No entanto, diante de novos indícios de melhora na inflação subjacente, aumentou a possibilidade de um comunicado com maior destaque para o cenário inflacionário, abrindo margem para cortes mais significativos ou uma redução mais acentuada no ciclo de ajustes.
Rafaela Vitoria, economista-chefe do Banco Inter, destaca que, considerando a média móvel dos últimos 3 meses, a variação dos núcleos do IPCA está próxima do centro da meta de 3%, indicando que a política monetária contribuiu para a convergência da inflação. Ela sugere que o Comitê deixe os próximos passos abertos para se adaptar à evolução do cenário.
Análise e perspectivas
Leonardo Cappa, economista-chefe da Traad, expressa curiosidade sobre como os dados serão tratados no comunicado, admitindo a possibilidade de uma alteração no balanço de riscos. Ele observa que, dependendo da abordagem do Copom, o mercado pode interpretar como uma abertura para acelerar o ritmo de ajustes.
Além disso, fatores externos, como o fechamento da curva americana e a queda nos preços do petróleo, têm potencial para melhorar a avaliação do Copom. O petróleo tipo Brent caiu 3,67%, chegando a US$ 73,24 o barril, o que pode impactar positivamente as expectativas de redução nos preços da gasolina no Brasil.
A reunião do Copom ocorrerá após a decisão do Federal Reserve, que é esperada para a tarde, com projeção de manutenção dos juros entre 5,25% a 5,50%. O índice de inflação ao consumidor dos EUA veio dentro do consenso, mantendo incerto o momento do início do ciclo de redução, estimado entre março ou maio.
Com informações do Broadcast
Imagem: Piqsels