O mercado cambial encerrou o dia com o dólar à vista alcançando o valor de R$ 4,9664, um acréscimo de 0,60% em relação ao real, representando o maior fechamento desde o início de novembro, quando atingiu R$ 4,9730. Esse movimento ascendente é atribuído à visão de um diferencial de juros menor, com a possibilidade de cortes mais significativos da taxa Selic no Brasil, enquanto se espera que os juros permaneçam estáveis por um período mais longo nos Estados Unidos. Além disso, a pressão sazonal de fim de ano sobre o real, ocasionada por remessas de dividendos para o exterior, também influenciou nessa valorização.
Variações ao longo do dia
Inicialmente, o dólar iniciou em queda, atingindo a mínima de R$ 4,9233 (-0,28%) pela manhã, acompanhando a tendência global de enfraquecimento da moeda. Contudo, essa trajetória mudou após a divulgação dos dados da inflação ao consumidor (CPI) americana no final da manhã, quando o dólar começou a se valorizar. Mais tarde, registrou-se a máxima de R$ 4,9733 (+0,74%) em meados da tarde.
A inflação nos EUA aumentou 0,1% em novembro em comparação com outubro, surpreendendo os analistas, que esperavam uma variação zero. Isso sugere a possibilidade de o Federal Reserve (Fed) aguardar mais para iniciar a redução dos juros. Enquanto isso, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no Brasil subiu 0,28% em novembro, ligeiramente abaixo das expectativas do mercado (0,29%).
Expectativas para o futuro
Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, destacou que há uma possibilidade de redução de 0,75 ponto percentual na taxa Selic, devido à análise do IPCA. Ele também observou que o cenário de “juros altos por mais tempo” nos EUA está se tornando mais provável, influenciando o comportamento do dólar no mercado interno brasileiro.
Decisões de política monetária em pauta
Para amanhã, está previsto o anúncio das decisões de política monetária tanto pelo Fed nos Estados Unidos quanto pelo Banco Central no Brasil. Nos EUA, espera-se a manutenção dos juros na faixa de 5,25% a 5,50%, enquanto no Brasil, aguarda-se uma redução da taxa Selic de 12,25% para 11,75%. Os investidores estarão atentos aos sinais fornecidos pelo presidente do Fed, Jerome Powell, e pelo Comitê de Política Monetária (Copom) no Brasil para orientação sobre os próximos passos.
Fatores adicionais que influenciaram o mercado
Marcos Weigt, chefe da tesouraria do Travelex Bank, apontou que a valorização do dólar frente ao real pode ser atribuída não apenas às expectativas de cortes de juros, mas também à saída sazonal de recursos, como remessas de dividendos no fim do ano e uma ligeira queda nos preços das commodities, como petróleo e soja.
Impacto do cenário interno
Apesar do noticiário doméstico com pouca influência nos negócios, os investidores continuam monitorando as medidas propostas pelo governo para aumentar a arrecadação em 2024. A comissão que analisa a medida provisória das subvenções do ICMS adiou a reunião para apresentação do relatório final devido à falta de acordo entre o Ministério da Fazenda e os parlamentares.
Com informações do Broadcast
Imagem: Piqsels