A B3 disse que está preparada para enfrentar a concorrência, mas não acredita que isso ocorra no curto prazo, em resposta a analistas que a questionaram sobre a entrada de um concorrente na área de negociação de ações, durante a teleconferência de resultados do quarto trimestre de 2022, na manhã desta quinta-feira.
“Em alguns segmentos do nosso negócio já competimos com outras empresas globais. A B3 está preparada para um ambiente competitivo. Sempre discutimos a entrada de concorrentes em trading e clearing [no Brasil]. Isso exige muito investimento e tempo e pode levar mais tempo que o esperado”, comentou o diretor executivo financeiro e de relações com investidores da B3, André Veiga Milanez.
O executivo disse que a B3 tem focado em tornar sua operação cada vez mais centrada nos clientes e competitiva e disse que a entrada de um concorrente exigirá muito deste competidor, pois ele encontrará uma empresa preparada.
“Poderemos ver outras empresas oferecendo nossas soluções no futuro mais estamos confiantes com o nosso atendimento e com as soluções que oferecemos. Mas não vemos isso ocorrendo no curto prazo.”
O surgimento de uma nova bolsa concorrente com a B3 no Brasil é um assunto antigo e que volta a ser discutido de tempos em tempos e apontada como um risco para a companhia.
No início do mês, a notícia de que a Mubadala Capital, um fundo árabe com US$ 284 bilhões em ativos sob gestão, concluiu a compra da Americas Trading Group (ATG), empresa especializada em negociação eletrônica de ativos financeiros, mexeu com ação, colocando a B3 entre as maiores perdas do Ibovespa do dia.
Segundo notícias que circularam na mídia, a unidade depositária (ATS) da ATG entrou em conflito com a dona da bolsa brasileira devido ao custo de seus serviços de compensação e teve sua licença negada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Na época, a ATG argumentou que os serviços de compensação oferecidos pela B3 eram caros, impossibilitando o funcionamento de uma nova bolsa.
Segundo relatório do Bank of America (BofA), a Mubadala fez um aporte de R$ 550 milhões na Cerc, uma empresa brasileira de registro de recebíveis, no final de 2022, o que levantou especulações de que a operadora de registro de cartões de crédito e duplicatas pudesse impulsionar o desenvolvimento de novos negócios, como o registro de financiamento de veículos e crédito imobiliário, atualmente operados pela B3.
Além disso, segundo o site “Pipeline”, do jornal “Valor Econômico”, a Cerc já solicitou uma licença de depositário e compensação do Banco Central, sugerindo potencial expansão em um negócio atualmente operado exclusivamente pela B3.
Cynara Escobar / Agência CMA
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