Num país onde o acesso à educação financeira ainda é escasso, a maioria da população brasileira (67%) não tem nenhum dinheiro guardado para emergência ou perda do emprego — é o que aponta a mais recente pesquisa da Datafolha sobre os hábitos financeiros da população.
O levantamento aponta também que quase metade da população com mais de 16 anos não contribui para a Previdência, o que indica um cenário financeiro desafiador no período da aposentadoria.
10% possuem economias para três meses
O estudo envolveu a entrevista de 2.004 pessoas em 135 municípios, com uma margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Segundo a pesquisa, 67% dos brasileiros (o equivalente a dois terços da população), não possuem qualquer reserva financeira para lidar com imprevistos significativos. A parcela que dispõe de economias capazes de manter o mesmo padrão de vida por menos de três meses é pequena, representando apenas 10%.
6% conseguem se sustentar por até um ano
Apenas 6% dos entrevistados afirmam ter reservas para sustentar-se por um período entre seis meses e um ano. Outros 6%, considerados privilegiados, afirmam que sua poupança seria suficiente para sustentar seu padrão de vida por mais de um ano, sem qualquer decréscimo.
INSS e aposentadoria
A pesquisa revela, adicionalmente, que apenas 52% dos brasileiros contribuem para o sistema oficial do INSS. Através de contribuições mensais ao longo da vida profissional, o INSS assegura aposentadorias mensais que variam entre R$ 1.320,00 e R$ 7.507,49.
Apenas uma fatia reduzida, correspondente a 13%, afirmou possuir algum plano de previdência privada, geralmente adquirido com o propósito de complementar os rendimentos proporcionados pela Previdência durante a aposentadoria.
Outro aspecto alarmante extraído da pesquisa é a redução, de 12% para 8%, ao longo dos últimos cinco anos, da proporção de brasileiros que se prepara de alguma forma para o período de aposentadoria.
Uma mitigação desse panorama é observada no fato de que mais de um terço dos cidadãos brasileiros (36%) relata a prática de investir dinheiro na caderneta de poupança ou em outras modalidades de investimento.
Sem renda, cartão de crédito e empréstimos ainda são os “favoritos”
Indicaram possuir cartão de crédito 56% dos entrevistados, marcando um aumento considerável em comparação aos 41% que assim declararam no final de 2015. Aqueles que confirmam deter cartão de crédito e possuem dívidas pendentes associadas a esse meio de pagamento são 10%.
O aumento expressivo no uso do cartão de crédito reflete a expansão do processo de bancarização na população brasileira, especialmente através de instituições financeiras digitais. De acordo com o Banco Central, aproximadamente 190 milhões de indivíduos (82% da população) tinham conta-corrente ao término de 2022. Cinco anos antes, esse número era de 154 milhões (57%).
Conforme os dados do Datafolha, outros 19% afirmaram ter recorrido a empréstimos bancários nos últimos seis meses, sendo que apenas 3% relatam estar com parcelas em atraso. A pesquisa destaca que a esmagadora maioria da população, no entanto, não busca financiamento para a aquisição de imóveis (93%) ou veículos (88%).
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