A Tendências Consultoria revisou a expectativa para a trajetória dos juros básicos nos próximos meses, postergando o início do corte da Selic para o último trimestre do ano. Com isso, a nova projeção para a taxa de juros ao final deste ano é de 13,0% (de 12,0%), por ora, sem alterações na perspectiva para o final de 2024, que permanece em 10,5%. As informações partem de relatório da consultoria.
“O ajuste reflete a piora do quadro inflacionário nas últimas semanas, com a maior desancoragem de expectativas, e o tom mais duro adotado pelo Copom em sua última reunião. De fato, pressões vindas do novo governo tornam o ambiente mais difícil para a condução da política monetária, o que deve se traduzir em maior conservadorismo do BC”, informa.
A Tendências acrescenta que “a julgar por esse contexto hostil ao Banco Central e pelas projeções do Copom para o IPCA divulgadas no comunicado e na ata, o risco ao novo cenário é de manutenção da Selic no atual nível de 13,75% até o final do ano. No entanto, ainda incorporamos duas reduções em 2023 (novembro e dezembro) diante da expectativa, contemplada em nosso cenário básico, de que um novo arcabouço fiscal será aprovado nos próximos meses”.
Segundo a consultoria, caso isso se materialize, é razoável contar com algum aceno por parte da autoridade monetária para minimizar o conflito com o governo, mesmo que isso contribua com uma queda mais suave da inflação. “Nesse sentido, nossa projeção para o IPCA de 2024 permanece em 4,4%, distante da meta do próximo ano (3,0%)”.
“De todo modo, o cenário ainda está envolto em muitas incertezas, em virtude de todo o contexto envolvido. Além das incertezas, seja no campo fiscal ou em relação ao atual nível de ociosidade da economia, as intensas pressões provenientes do mundo político sobre o Copom – em especial do presidente Lula – geram um efeito negativo sobre as expectativas de inflação. O debate em torno do aumento das metas de inflação, ainda que tecnicamente justificável, também acentua as incertezas entre os agentes econômicos, ao transmitir a mensagem de que visa tão somente forçar uma redução da Selic conforme deseja o governo”.
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Imagem: Marcos Santos / USP Imagens