A Bolsa fechou em queda, oposto a NY, em meio às falas do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), Jerome Powell, sinalizando alta dos juros por um período mais longo que o esperado, ata do Comitê de Política Monetária (COPOM) trazendo a preocupação com a deterioração das expectativas de inflação e os crescentes ruídos entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.
Os investidores esperam pela divulgação do balanço do Itaú (ITUB4), logo mais após o fechamento do mercado com a expectativa para o reflexo sobre o escândalo da Americanas. Hoje os papéis do setor caíam em bloco. Itaú (ITUB4) caiu 2,30%.
Vale ressaltar a queda das ações da Eletrobras (ELET3 e ELET6)- de 3,50% e 3,42%-, no pregão de hoje, por conta dos questionamentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação à privatização da companhia e a afirmação de que prepara uma ação judicial para rever o processo.
O principal índice da B3 caiu 0,82%, aos 107.829,73 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro perdeu 0,93%, aos 107.980 pontos. O giro financeiro foi de R$ 22,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.
Arlindo Souza, analista de ações da casa de análises do TC, disse que o Ibovespa é puxado pelo setor bancário e “no radar estão as preocupações em relação ao macro com as discussões sobre a autonomia do Banco Central, o que acaba deixando o cenário complexo para os ativos de risco, somado a isso as sinalizações de Powell de que não descarta subir os juros mais que o esperado”.
Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, disse que o presidente do Fed mantém o discurso do comunicado na reunião da semana passada, mas “existe diferença entre o que o banco central norte-americano indica e o que o mercado precifica; o Fed está mais realista que o mercado afirmando que os juros vão ficar altos por um período mais longo; o mercado estava otimista”.
André Luzbel, head de renda variável da SVN Investimentos, disse estar pessimista com esse impasse entre o governo e o presidente do Banco Central Roberto Campo Neto, “mas não sabe até onde está no preço, a gente está com bastante receio desta relação entre os dois, o Haddad tem colocado panos quentes, mas está faltando eles [Lula e Campos Neto] sentarem e conversarem quando tudo isso se definir, o mercado vai ficar mais tranquilo, seja para o bem ou para o mal; essa indefinição maltrata o mercado”.
Luzbel disse que RCN exagerou na subida de juros-hoje em 13,75% ao ano (aa) “não precisava ser tão alta e agora cria dificuldades para baixar; ele vai reduzir, mas não dá para ficar pressionando-o, o ponto em que a Bolsa se encontra é em um patamar totalmente depreciado”.
Em relação à ata, o head de renda variável da SVN Investimentos afirmou que o documento mostrou preocupação com o ciclo de mercado que estamos vivendo, ou seja, acham que a inflação pode voltar a subir, mas dão sinais que vão reduzir juros de forma não acelerada”.
Luzbel disse também que espera que Powell seja “duro” na mensagem de hoje.
Soraia Budaibes / Agência CMA
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