Apesar de críticas de empresários e de grandes contribuintes, o governo manterá a proposta para retomar o voto de qualidade no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), disse o ministro Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais. Acompanhado de parlamentares da base aliada, o ministro reuniu-se na tarde de ontem com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para discutir a medida provisória que pretende alterar o funcionamento do conselho.
Sistema que vigorou até 2020, o voto de qualidade permitia que o presidente do Carf desempatasse julgamentos no órgão, que julga dívidas de contribuintes com a Receita Federal no âmbito administrativo (antes de os casos irem para a Justiça). No mês passado, o governo editou uma medida provisória para retomar a vantagem do governo nos desempates, como parte do pacote fiscal que pretende melhorar as contas públicas.
“Em nenhum momento, o debate tira o voto de qualidade do governo”, declarou Padilha ao sair da reunião. Ele disse que as empresas poderão recorrer à Justiça caso considerem injusto o desempate, e que o Congresso poderá melhorar a medida provisória. Segundo Padilha, apenas 2% dos processos no Carf chegam ao empate.
O ministro de Relações Institucionais disse que o governo dialogará de forma permanente com o Congresso e que, na reunião de hoje, Haddad mostrou aos líderes partidários a importância da medida provisória do Carf para diminuir o déficit primário (resultado negativo das contas do governo sem o pagamento dos juros da dívida pública), estimado em R$ 231,55 bilhões para este ano.
Sobre uma possível falta de votos para aprovar a MP, o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), disse que a dinâmica do Congresso vai se alterando e reiterou que o voto de qualidade é questão de justiça para o contribuinte.
Copyright 2023 – Grupo CMA
Imagem: Agência Brasil