O dólar comercial fechou em alta de 0,54%, cotado a R$ 5,1750. A moeda refletiu o desconforto das críticas de Lula ao Banco Central (BC) e o temor que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) prolongue o ciclo contracionista nos Estados Unidos.
Segundo o sócio fundador da Pronto! Invest Vanei Nagem, “o mercado continua refletindo lá fora. Não vejo tanta interferência do Lula, por mais que ele dê algumas cutucadas. Esta semana o dólar deve se acomodar”.
Para o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura, “isso acaba sendo muito ruim, pois o investidor estrangeiro vê a independência do BC como algo muito importante. Isso pode fazer com que o dólar suba, e já estamos entre as piores emergentes no momento”, referindo ao atrito entre Lula e o presidente do BC, Campos Neto.
Komura classifica os sinais da economia norte-americana como preocupantes, mas pondera: “Na visão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) o impacto é menor, pois ele já estava cauteloso, e o cenário inflacionário ainda preocupa, especialmente o setor de Serviços que costuma ser mais resiliente”.
De acordo com o boletim da Ajax Asset, “em dia de fraca agenda nos Estados Unidos, juros dos Treasury Bonds (títulos do Tesouro norte-americano) continuam em alta. Assim, os ativos de risco voltam a registrar perdas. Por aqui, ativos locais devem seguir o movimento de baixa do exterior”.
Já a Mirae Asset entende que “a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) chama a atenção, até para sabermos qual a extensão do clima de beligerância entre Roberto Campos Neto e o presidente Lula. Este clima vai mais para a esfera pessoal, por Lula considerar o presidente BC bolsonarista. Tal clima é visto como contraproducente pelo mercado, por ameaçar minar a credibilidade do governo na sua gestão econômica”.
Paulo Holland / Agência CMA
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