Na manhã de hoje, o Banco Santander Brasil (SANB11) divulgou seus números referentes ao quarto trimestre de 2022.Para a Levante Investimentos, o banco decepcionou com a entrega de um lucro líquido consideravelmente inferior ao consenso, decorrente de menores spreads, queda na originação e deterioração da inadimplência, que refletiu o aumento do provisionamento.
O lucro líquido do período finalizou o trimestre em 1,7 bilhão de reais, um recuo trimestral de 45,9%, e consideravelmente abaixo do consenso de 2,9 bilhões. Com isso, o retorno sobre patrimônio líquido médio finalizou o trimestre em 8,3%, uma queda de 7,3 p.p., e um Indice de Basileia de 13,9 %, queda de 0,5 p.p. Houve, ainda, redução na originação, maior formação de inadimplência e menores spreads.
“Em linhas gerais, o Santander apresentou mais um resultado frustrante e reafirmou os desafios de curto e médio prazo do banco para lidar com a conjuntura atual”, concluiu a Levante.
Para Luiz Carlos Corrêa, sócio da Nexgen Capital, o mercado ja tem a expectativa de que os resultados dos bancos não vão ser tão bons nessa próxima leva de balanços muito por causa dos PDDs. “A expectativa é de que os lucros sejam reduzidos, mesmo, -e no caso do Santander foi bem forte, uma retração de quase 46% – mas ainda apresentou um número bom no ROI, sinal de que a empresa ainda consegue gerar lucro por seu patrimônio líquido.”
Apesar das expectativas baixas, Corrêa nota que o mercado ainda está digerindo o balanço, já que desde a abertura do mercado as ações já operaram em alta e em baixa.”Com a notícia de que o Banco Central do Brasil pode não cortar os juros este ano, depois da reunião do Copom de ontem, os bancos serão beneficiados: juros mais altos por mais tempo traz retorno para os bancos e isso pode estar refletindo no dia de hoje”, ele conclui.
A XP Investimentos também considera o resultado fraco e justifica que foi impactado por maior provisionamento. De forma geral, a XP espera uma reação negativa das ações aos fracos resultados e reitera avisão conservadora sobre a ação, com classificação neutra, e preço-alvo de R$34.
“Na nossa visão, o Santander apresentou resultados fracos no 4T22, sendo fortemente impactado pelo provisionamento da dívida da Americanas, que prejudicou os resultados do banco e levou a um lucro líquido de R$ 1,7bi, 54% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado e -36% abaixo da nossa estimativa.”
Se por um lado, os analistas da XP consideram a abordagem mais seletiva do banco na concessão de crédito ao longo de 2022 positiva por ter resultado em um crescimento mais lento de sua carteira de crédito (+5,8% em base anual), pressionando sua margem financeira bruta no 4T22 para R$ 12,5 bilhões.
Por outro lado, essa abordagem cautelosa permitiu ao banco manter sob controle suas taxas de inadimplência, com a inadimplência aumentando ligeiramente para níveis ainda saudáveis em 3,1%, conforme analisam os especialistas.
Para Vitorio Galindo, head de análise fundamentalista da Quantzed, analisa que os grandes vilões do resultado foram:menores margens financeiras, crescimento das despesas e aumento alto das despesas de créditos de liquidação duvidosa.
“Isto parece nos mostrar que os resultados começaram a se deteriorar à partir do segundo semestre do ano, impulsionados pela piora na inadimplência das operações de crédito a pessoas físicas”, diz Galindo.
“O CEO comentou na teleconferência para analistas que as novas safras estão melhorando o perfil de crédito e que a inadimplência está abaixo da média do mercado, acho que deu uma “animada” com a recuperação da carteira/resultados.”
Galindo contou também que o CFO também comentou que a qualidade da carteira melhorará nos próximos trimestres. “O mercado começa a olhar pra frente com bons olhos, ao meu ver”, conclui.
Por volta das 14h15 (horário de Brasília), SANB11 operava no positivo, alta de 0,62% a R$27,52.
Camila Brunelli / Agência CMA
Imagem: wikimedia
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