O Banco Central (BC) realizou um leilão de dólar e vendeu US$ 1,5 bilhão à vista nesta sexta-feira (30). A decisão ocorre após semanas de forte volatilidade no mercado de câmbio. O anúncio aconteceu ontem (29), após a moeda norte-americana encerrar o pregão acima dos R$ 5,60 após 20 dias.
O leilão ocorreu entre 9h30 e 9h35 e teve uma taxa de corte de 0,000170. Foi aceita apenas uma proposta, com o valor integral do leilão. A operação usou como referência a Ptax, que é a taxa oficial da moeda.
Nesta manhã, o dólar abriu a sessão em queda, mas já reverteu o sinal e por volta das 12h25 subia 1,08%, negociado a R$ 5,65.
Primeira intervenção desde 2021
A intervenção do BC no mercado de câmbio não era vista desde dezembro de 2021, quando a autoridade monetária optou por vender US$ 500 milhões à vista. O último leilão extraordinário foi em abril de 2022. Segundo os envolvidos na operação, a decisão foi motivada por um rebalanceamento do EWZ, o ETF do Brasil no índice MSCI.
O EWZ passará a incluir ações de empresas brasileiras listadas no exterior, como Nubank e XP, o que pode gerar uma demanda por dólares e, consequentemente, pressão sobre a taxa de câmbio. Para hoje, é esperada uma saída de aproximadamente US$ 1 bilhão do país.
Segundo o diretor da mesa de câmbio da Planner Investimentos, Douglas Ferreira, “o Banco Central está agindo preventivamente com este leilão para mitigar o impacto esperado no câmbio decorrente dessa saída de recursos,”. Ele acrescenta que o rebalanceamento do índice gerou uma expectativa de aumento na demanda por moeda estrangeira, justificando a intervenção do BC para conter oscilações abruptas no mercado.
Leilão do BC para evitar distorções na Ptax
O Banco Central geralmente evita realizar leilões de dólares nos últimos dias do mês para não influenciar a formação da Ptax. No entanto, a medida foi considerada necessária diante do risco de disfuncionalidade no mercado cambial brasileiro, o que poderia distorcer a taxa de câmbio oficial.
Nessa semana, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, já havia sinalizado que estava com o “dedo no gatilho” para uma possível intervenção no câmbio caso fosse necessário.