A Bolsa fechou em queda em um dia de turbulência no meio corporativo com a derrubada das ações das Americanas (AMER3) após a notícia da véspera do escândalo nas contas da companhia de um rombo de R$ 20 bilhões e que resultou na renúncia do CEO, Sergio Rial.
Somado a isso, os investidores digeriram as medidas econômicas do governo com impacto de R$ 242,7 bilhões para reverter o déficit em 2023.
APRENDA A LUCRAR NAS QUEDAS DA BOLSA
Com o episódio das Americanas (AMER3), outras ações também foram impactadas tanto do setor varejista quanto do financeiro, este último por conta de ser credor.
Os papéis das Americanas (AMER3) recuaram 77,33%. Bradesco (BBDC3 e BBDC4) e Itaú (ITUB4) caíram, respectivamente 2,02% e 2,33% e 1,40%. A varejista Via (VIIA3) teve queda de 5,38% em contrapartida magazine Luiza (MGLU3) fechou em alta de 5,28%.
O principal índice da B3 caiu 0,59%, aos 111.850,22 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro recuou 0,79%, aos 113.090 pontos. O giro financeiro foi de R$ 27 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.
Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos, comentou que o mercado ficou na expectativa do anúncio das medidas do pregão, mas o caso Americanas acabou tendo as atenções do mercado.
“O investidor quer saber se vai ser factível chegar nessa conta que o Haddad sinalizou uma melhora que pode chegar R$ 242 bilhões para esse ano, mas só o tempo vai dizer; a questão do Haddad é favorável principalmente voltada para a economia real, a de consumo e varejo, só que não tem como não atrelar o pregão de hoje ao caso das Americanas; as ações das Americanas têm peso com outros papéis do setor como Magazine Luiza e Via e bancos”.
Já Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, disse que o mercado não gostou muito das medidas do Haddad “porque são pontuais e o discurso tem sido um pouco diferente do quetem sido falado recentemente e dado alívio ao mercado”.
Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos, disse a queda na Bolsa é atribuída principalmente a “uma correção normal por conta das fortes altas recentes e o caso das Americanas é pontual, não afeta de maneira sistêmica, e sim os setores, pode respingar nos bancos credores [Bradesco e Itaú, que detêm parte da dívida]; as ações estão em leilão e apontam para uma queda de 75% [em relação ao fechamento da véspera, de R$12]”.
Moura disse que com a divulgação da inflação de hoje nos Estados Unidos em linha com a expectativa do mercado ainda não se pode dizer que o fim do ciclo de aperto monetário está perto de acontecer. “Boa parte do remédio já foi aplicado, mas ainda tem uma parcela residual e tem de deixar o remédio fazer efeito, ou seja, os juros têm de permanecer altos por um período ainda mais longo”.
O sócio e analista da Finacap Investimentos disse o mercado fica na expectativa da divulgação do pacote fiscal do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “A proposta deve ser pautada para melhorar a arrecadação do governo que ele vem ventilando desde a época da transição”.
Soraia Budaibes / Agência CMA
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