O dólar fechou em queda de 0,56% nesta quinta-feira (12), cotado a R$ 5,62, após uma sessão marcada de enfraquecimento global. O índice DXY, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente às suas seis principais divisas, também recuou 0,44%, aos 101,240 pontos. Ao longo do dia, a moeda oscilou entre mínimas de R$ 5,6152 e máximas de R$ 5,6766.
O movimento do real, no entanto, foi inferior ao de outras moedas de países emergentes, como os pesos mexicano e chileno, que registraram valorização superior a 1%. A moeda também repercutiu os dados do Departamento do Trabalho, divulgados nesta quinta, que mostraram que o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) dos EUA aumentou 0,2% em agosto, após ter ficado estável em julho, em número revisado.
Petróleo e minério de ferro disparam
A queda do dólar também está ligada à alta das commodities, em especial ao petróleo e minério de ferro, que registraram ganhos superiores a 2% nesta sexta-feira. Para o petróleo, o avanço está relacionado com o furacão Francine nos Estados Unidos, que ameaça a produção no Golfo do México, responsável por cerca de 39% da capacidade produtiva da commodity na região. Esse percentual equivale a cerca de 650 mil barris de petróleo por dia que foram temporariamente interrompidos.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para outubro subiu 2,47%, fechando a US$ 68,97 o barril. Já o Brent para novembro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), avançou 1,93%, encerrando a US$ 71,97 o barril.
Desafios à frente no mercado de energia
Apesar dos problemas pontuais de oferta causados pelo furacão, a Agência Internacional de Energia (AIE) revisou para baixo suas previsões de demanda global de petróleo para 2024. A mudança foi motivada pela desaceleração econômica da China, que impacta diretamente o consumo da commodity. Além disso, o Banco Central Europeu (BCE) também reduziu suas projeções para o preço do petróleo.
No Brasil, o Ministério de Minas e Energia enviou um ofício ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), solicitando a elaboração de um plano de contingência para o sistema elétrico nacional e o sistema isolado de Roraima, com um horizonte de planejamento entre 2024 e 2026.
Perspectivas para o dólar no próximo trimestre
De acordo com Sidney Lima, da Ouro Preto Investimentos, a combinação de um Banco Central brasileiro com postura hawkish (inclinado à alta dos juros) e um Federal Reserve (Fed) americano dovish (inclinado a corte dos juros) pode favorecer a moeda brasileira no curto prazo. “O diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos pode aumentar o fluxo de capitais para o Brasil, beneficiando o real”, explicou Lima.
Por outro lado, Felipe SantAnna, especialista da Star Desk, alerta que uma política fiscal expansiva no Brasil, com aumento de gastos públicos, pode gerar desconfiança entre investidores quanto ao controle da dívida pública, o que pressionaria o real para baixo.