O dólar segue em forte alta, com o mercado repercutindo falas do presidente Lula durante a solenidade de posse.
Ontem, em seu discurso, Lula reforçou a revogação do teto de gastos, o uso de bancos públicos e empresas estatais como principal indutor do desenvolvimento econômico local e antecipação de uma revisão de marcos (como reforma trabalhista).
Segundo Rafael Passos, economista da Ajax Capital, o discurso é contrário a agenda fiscal mais rigorosa, em meio a um ambiente de gastos públicos maiores e incertezas de como será feita a recomposição de receitas.
Estas propostas, conforme o volume e intensidade a serem adotados, causam preocupação pelos seus impactos negativos nas contas públicas, na eficiência de alocação dos recursos e na política monetária, disse Passos. O cenário local seguirá desafiador no curto prazo, completou.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) operam em forte alta, assim como o dólar, com mercado digerindo falas do presidente Lula durante solenidade de posse, no último domingo (1).
Lula reforçou a revogação do teto de gastos, o uso de bancos públicos e empresas estatais como principal indutor do desenvolvimento econômico local e antecipação de uma revisão de marcos (como reforma trabalhista).
Além disso, o senador Jean Paul Prates (PT-RN) afirmou que o presidente vai editar medida provisória para renovar a desoneração dos combustíveis. Segundo Prates, a medida valerá por 60 dias.
Para a JB3 Investimentos, em relatório, a medida preocupa investidores. Desde o início de outubro, a empresa já perdeu quase R$ 100 bilhões em valor de mercado.
A Petrobras distribuiu mais de R$ 217 milhões em dividendos no ano passado e reduziu em quase US$ 100 bilhões seu endividamento nos últimos anos. Daqui pra frente, a preocupação é que a empresa volte aos dias de vermelho, afirmou em relatório.
A Bolsa opera em forte queda pressionada pelas ações das estatais-Petrobras (PETR3 e PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3) e refletindo as medidas do novo governo e o temor em relação ao quadro fiscal.
Guilherme Paulo, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que as estatais estão pressionando a Bolsa para baixo com as falas recentes do presidente da República. “O mercado teme que de fato quem vai comandar a companhia e o banco será o Executivo, por mais que as nomeações tenham sido medianas de Jean Paul Prates [Petrobras] e Tarciana Medeiros [BB]”.
Pedro do Val de Carvalho Gil / Agência CMA
Copyright 2022 – Grupo CMA
Imagem: Unsplash