O dólar fechou em queda de 0,57%, cotado a R$ 5,44, nesta quinta-feira (26). A baixa está alinhada ao comportamento da moeda americana no cenário internacional, em meio a novos estímulos econômicos anunciados pela China.
O movimento impulsionou as moedas de países emergentes e exportadores de commodities, como o peso chileno e o dólar australiano, além do real.
Durante o pregão, a divisa norte-americana chegou a atingir a mínima de R$ 5,4051, mas reduziu o ritmo de queda devido à alta das taxas de juros dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos (Treasuries) e à queda no preço do petróleo.
A alta dos juros nos Treasuries reflete a expectativa de que o Federal Reserve (Fed) possa reduzir o ritmo de cortes nas taxas de juros em novembro. As chances de um corte de 50 pontos-base já estão abaixo de 60%, de acordo com o CME Group.
Desvalorização acumulada
Com a queda desta quinta-feira, o dólar acumula uma desvalorização de 1,38% na semana e de 3,38% no mês de setembro. A queda foi impulsionada pela valorização das commodities metálicas, consequência dos estímulos chineses.
Inflação e juros
No cenário doméstico, as atenções se voltaram ao Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do Banco Central. O documento trouxe projeções de inflação acima da meta de 3% até o primeiro trimestre de 2027, o que aumenta as expectativas de novas altas na taxa Selic.
De acordo com o Bradesco, o cenário traçado pelo Banco Central sugere a necessidade de um aperto monetário mais agressivo, com chances de uma alta de 0,50 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em novembro.
Taxas de juros mais elevadas tendem a ser favoráveis ao real, já que ampliam o diferencial entre os juros internos e externos, o que pode atrair investimentos estrangeiros. No entanto, analistas estão céticos quanto à possibilidade de a taxa de câmbio se sustentar abaixo de R$ 5,40 no curto prazo.
Percepção de risco e o real
Em entrevista ao Broadcast, o ex-diretor de política monetária do Banco Central, Mario Torós, afirmou que, apesar dos incentivos externos recentes, como a elevação dos juros no Brasil e a queda nos Estados Unidos, o real continua “desvalorizado”.
Para ele, a percepção de risco em relação ao Brasil tem influenciado negativamente a taxa de câmbio, impedindo uma apreciação mais consistente da moeda brasileira.