O dólar fechou esta sexta-feira (27) com queda de 0,16%, cotado a R$ 5,43. Apesar de ter oscilado entre R$ 5,4272 e R$ 5,4581 ao longo do dia, o mercado mostrou uma postura defensiva, com variações modestas da moeda.
A leve desvalorização do dólar foi suficiente para fechar a semana em baixa de 1,54% frente ao real. No acumulado de setembro, a moeda norte-americana já recua 3,53%. Mesmo com o desempenho positivo da moeda brasileira, o real enfrenta dificuldades em romper a barreira dos R$ 5,40, segundo economistas.
Indicadores favorecem o real
A semana foi marcada pela alta dos preços das commodities, como o minério de ferro, impulsionada por estímulos econômicos anunciados na China. Esse movimento ajudou a valorizar o real, que teve o terceiro melhor desempenho entre as moedas emergentes, ficando atrás apenas do peso chileno e do rand sul-africano.
Além disso, a queda da taxa de desemprego no Brasil e o cenário de desancoragem das expectativas de inflação alimentam especulações de que o Banco Central possa acelerar o aumento da taxa Selic, o que tende a atrair investidores internacionais para operações de carry trade — que aproveitam a diferença entre os juros do Brasil e do exterior para lucrar.
Nos Estados Unidos, o índice de preços de gastos com consumo (PCE) manteve-se dentro das expectativas, reforçando a possibilidade de um novo corte de 50 pontos-base nos juros pelo Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano.
Desconfiança com política fiscal
Apesar dos fatores positivos para o real, o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, apontou, em entrevista ao Broadcast, que a condução da política econômica brasileira ainda gera ruídos no mercado.
A divulgação do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, que aumentou a desconfiança em torno do comprometimento do governo com o ajuste fiscal, foi um dos principais motivos para a resistência da taxa de câmbio em romper a marca dos R$ 5,40.
Borsoi destaca que, mesmo com a alta das commodities e a possibilidade de uma Selic maior, o dólar poderia estar mais fraco se o cenário doméstico fosse mais estável.
Expectativa para a próxima semana
Na próxima semana, os investidores devem ficar atentos a uma série de dados sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos, especialmente ao relatório de emprego (payroll) de setembro, que será divulgado na sexta-feira (4). O desempenho do mercado de trabalho pode influenciar as próximas decisões do Federal Reserve em relação aos juros.
Caso os dados mostrem uma desaceleração mais acentuada, aumenta a possibilidade de um corte mais agressivo de 50 pontos-base nos juros, o que pode impactar diretamente o comportamento do dólar no Brasil.