O dólar fechou em alta de 0,31%, cotado a R$ 5,46. A moeda americana se fortaleceu neste primeiro pregão de outubro, refletindo o aumento da aversão ao risco após o ataque a mísseis do Irã a Israel e a expectativa de uma política monetária mais conservadora do Federal Reserve (Fed).
Impactos geopolíticos
A alta do dólar foi impulsionada por um movimento global de busca por ativos mais seguros, como resultado da escalada das tensões no Oriente Médio. O Irã, importante player na região, é visto como um fator de risco para a produção e distribuição de petróleo, uma commodity essencial para a economia global.
Em entrevista ao Broadcast, Elson Gusmão, diretor de câmbio da corretora Ourominas, disse que “o ataque do Irã contra Israel causou um aumento de incerteza entre os investidores, que buscaram ativos mais seguros como o dólar.”
O índice DXY, que mede a força do dólar em relação a uma cesta de moedas fortes, subiu 0,41%, fechando a 101,194 pontos.
Valorização do petróleo e desempenho do real
Apesar da alta do dólar, o real se comportou de forma relativamente estável em comparação com outras moedas fortes, como o euro. Isso ocorreu, em parte, devido à valorização de mais de 2% no preço do petróleo, uma vez que o Brasil é um importante exportador dessa commodity.
“O real até se comportou bem, considerando o contexto. Moedas como o rublo russo e o shekel israelense perderam mais hoje do que o real, que se beneficiou da alta do petróleo”, explica Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Pine.
A Petrobras, uma das principais exportadoras de petróleo do Brasil, viu suas ações ordinárias (ON) e preferenciais (PN) subirem 2,67% no pregão de hoje.
Europa
Enquanto isso, o euro e outras moedas europeias apresentaram desempenho inferior ao real, devido à continuidade da contração industrial na região e ao tom mais “dovish” da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde.
Lagarde indicou que o BCE não vai esperar a inflação cair para a meta de 2% antes de continuar com cortes nas taxas de juros, o que pressionou ainda mais a moeda europeia.
Perspectivas de juros nos EUA
Além dos fatores geopolíticos, o mercado segue atento à postura do Fed, que deve adotar uma abordagem mais conservadora nas próximas reuniões de política monetária.
A expectativa de cortes de juros menos agressivos nos EUA também tem influência sobre o mercado cambial, especialmente no diferencial de juros entre as economias.