O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quarta-feira (06) os resultados da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) referentes a 2022, revelando melhorias no mercado de trabalho, mas destacando persistências em desigualdades estruturais, principalmente as raciais.
Desigualdade racial persistente
Os dados revelam que o rendimento-hora dos trabalhadores brancos foi, em média, R$ 20,10, enquanto o da população negra ou parda foi de R$ 12,40, representando uma diferença de 61,4%. Essa disparidade se manteve em todos os níveis de instrução.
Desdobramentos por níveis de instrução
- Trabalhadores sem ensino fundamental completo: Brancos: R$ 10,90/h | Negros: R$ 8,40/h
- Fundamental completo e médio incompleto: Brancos: R$ 11,60/h | Negros: R$ 9,30/h
- Médio completo e sem superior completo: Brancos: R$ 14,10/h | Negros: R$ 11,10/h
- Ensino superior completo: Brancos: R$ 35,30/h | Negros: R$ 25,70/h (37% a menos)
Atividades com maior disparidade
O IBGE destaca que setores de menor remuneração e maior informalidade, como Agropecuária, Construção e Serviços Domésticos, apresentam maior proporção de trabalhadores negros.
Desafios para jovens no mercado de trabalho
O relatório também evidencia que em 2022, 22,3% dos jovens de 15 a 29 anos não estudavam nem trabalhavam, totalizando 10,9 milhões de pessoas. Deste grupo, 43,3% eram mulheres negras, 24,3% homens negros, 20,1% mulheres brancas e 11,4% homens brancos.
O IBGE ressalta que parte significativa desse grupo realiza afazeres domésticos, sendo considerado trabalho não remunerado. A proporção de jovens nessa situação foi maior entre as mulheres (28,9%) do que entre os homens (15,9%).
Impacto na educação
A pesquisa também abordou a frequência escolar de crianças. Entre 2019 e 2022, a frequência escolar de crianças de 4 e 5 anos, quando começa a obrigatoriedade da educação básica, caiu 1,2 ponto percentual, passando de 92,7% para 91,5%. Já a frequência na etapa adequada para crianças de 6 anos, ingressando no ensino fundamental, caiu de 81,8% em 2019 para 69,0% em 2022.
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