No encerramento desta terça-feira (5), os juros futuros apresentaram um cenário de alta moderada nos vencimentos de curto e médio prazos, enquanto os de longo prazo se mantiveram estáveis. Esse movimento foi resultado do PIB do 3º trimestre, que superou as expectativas, reforçando a ideia de um corte mais moderado da taxa Selic. Essa perspectiva, endossada pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, gerou pressão nas taxas mais próximas, desencorajando a expectativa de uma queda mais acelerada.
A reação do mercado financeiro
O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou em 10,380%, enquanto o DI para janeiro de 2026 subiu para 10,05%. O DI para janeiro de 2027 terminou em 10,16%, e o de janeiro de 2029 permaneceu estável em 10,60%. Esses números refletem a dinâmica do mercado, influenciada diretamente pelo desempenho econômico e pelas projeções sobre a trajetória da Selic.
Análise do PIB e impacto nos juros
A dinâmica da curva de juros foi direcionada pela avaliação do PIB durante a sessão, principalmente nas taxas curtas, desestimulando a crença em um ritmo de corte mais acelerado da Selic para 0,75 ponto percentual. O crescimento de 0,1% no PIB, surpreendendo a expectativa de uma queda de 0,2%, além da revisão positiva do segundo trimestre, contribuíram para essa percepção. O consumo das famílias subiu 1,1%, enquanto o do governo aumentou 0,5%. Por outro lado, na abertura dos dados, a indústria e os serviços cresceram 0,6%, enquanto a agropecuária registrou queda de 3,3%.
Opinião de especialistas e autoridades
Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, acredita que o PIB reduz as chances de um corte mais agressivo para 0,75 ponto, destacando o desempenho positivo do consumo. Por sua vez, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, sugeriu a possibilidade de acelerar os cortes, levando esse cenário ao radar do mercado.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, embora tenha considerado o resultado do PIB como “fraco”, ressaltou a expectativa de crescimento para este e o próximo ano, desde que o Banco Central faça sua parte na condução da política monetária. Campos Neto reiterou a postura do Banco Central, enfatizando que a batalha contra a inflação ainda não está encerrada, deixando aberta a possibilidade de novas avaliações.
Influência de dados externos nos juros
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, observou que o mercado de juros foi influenciado não apenas pelo PIB, mas também pelas declarações de Campos Neto e pelos dados econômicos dos EUA. A expectativa de redução de juros pelo Federal Reserve após a divulgação do relatório Jolts, que apontou uma queda maior que o esperado na abertura de postos de trabalho entre setembro e outubro, impactou os rendimentos dos Treasuries, refletindo nas taxas de juros no Brasil.
Com informações do Broadcast
Imagem: Piqsels