A Azul realizou na manhã de ontem (08/12) o seu Investor Day, apresentando ao mercado suas expectativas para os próximos três anos. No pregão desta quinta-feira, a ação da Azul registra forte queda, de 5,36%, a R$ 10,94 e está entre as maiores baixas do Ibovespa, apesar de analistas recomendarem a compra do papel, citando possíveis ganhos da companhia com a modernização de sua frota de aeronaves e da operação em Congonhas, em São Paulo (SP) ao mesmo tempo que veem as projeções da companhia muito otimistas diante do cenário macro esperado para 2023.
O BTG Pactual apresentou relatório sobre o Dia do Investidor da Azul, realizado na manhã de ontem, no Aeroporto de Congonhas (SP), destacando que a Azul prevê R$ 5 bilhões em ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) no próximo ano (contra o consenso de R$ 4,8 bilhões e R$ 3-4 bilhões neste ano).
Outros pontos importantes foram que a operação da empresa no aeroporto Congonhas deve dobrar, atingindo 84 slots no 1T23 (participação de mercado de ~15%) e que a companhia aérea estima uma queima de caixa de R$ 3 bilhões no próximo ano, embora a administração acredite que pode administrar o déficit sem ter que acessar o mercado de capitais.
“No geral, o evento mostrou que a Azul está levando a medidas necessárias para minimizar sua queima de caixa, apesar do cenário ainda volátil para o indústria aeronáutica”, disse o BTG, no relatório.
A análise ressalta que a aérea também forneceu alguns detalhes sobre seu plano de frota, comentando que espera que ela seja composta 100% aeronaves de última geração até 2026. A transformação da frota deve gerar uma significativa redução de custos, com economia média de custo por assento (vs. E1s) de 26% para E2s, 29% para A320s e 34% para A321s.
“Em suma, consideramos que o setor aéreo ainda está desfavorável com os investidores, mas vemos um melhor momentum de curto prazo para a Azul, potencialmente aumentando o apetite pela ação”, disse o BTG em sua análise ao reiterar a compra, citando que o papel é negociado a 4,7x EV/EBITDA 22, apesar do câmbio e da volatilidade do combustível serem ventos contrários no curto prazo.
A Genial destaca que a companhia recapitulou as dificuldades dos dois últimos anos e o fortalecimento de sua estratégia vencedora que fez com que a saísse de 23% de market-share em 2019 para 30% em 2022. Para a corretora, o evento foi importante para reforçar as estratégias do processo de desalavancagem, crescimento e geração de caixa (meta para 2024).
“Na nossa visão, os R$ 5 bilhões de EBITDA projetados para 2023 são otimistas. Embora as quedas nos preços projetados para o petróleo em 2023 sinalizem um ano de menor pressão nos custos, trabalhamos com um cenário de maior dificuldade de crescimento na demanda no segundo semestre, com câmbio subindo (desfavorável) devido à piora do fiscal e maior dificuldade de aumento de Yield”, escreveu a Genial, em relatório sobre o Azul Day.
A Genial manteve a recomendação de compra, citando a expectativa de expansão adicional das margens devido ao processo de transformação da frota, com o benefício de ter começado seu processo de renovação antes da pandemia, com custo de capital mais baixo, quando havia maior disponibilidade de novas aeronaves.
Porém, ressalta que o novo cenário de câmbio, com segundo semestre desafiador, acabou se refletindo em uma redução do preço alvo de R$ 28,00 para R$ 20,00.
Cynara Escobar / Agência CMA
Imagem: divulgação
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