Os juros futuros encerraram o dia confirmando uma tendência de alta que prevaleceu ao longo da sessão, impulsionados pelo avanço dos rendimentos dos Treasuries e pela desvalorização do câmbio. Este movimento global nas curvas de juros refletiu uma percepção de que as expectativas sobre o ciclo de redução de juros nos Estados Unidos estavam excessivamente otimistas, adicionando uma dose de cautela em relação à agenda econômica da semana.
Cautela e reflexos no mercado
O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou a 10,325%, enquanto o DI para janeiro de 2026 ultrapassou a marca de um dígito, fechando a 10,00% (9,90% na última sexta-feira). A taxa do DI para janeiro de 2027 fechou em 10,14%, subindo de 10,01%, e a do DI para janeiro de 2029 subiu de 10,46% para 10,58%.
Este aumento nas taxas ocorreu em um ambiente de liquidez bastante fraca, tornando a curva mais suscetível a operações pontuais. No entanto, o contexto externo desfavorável impulsionou essa abertura, com os investidores considerando exagerada a precificação de uma queda na taxa de juros nos EUA já em março, bem como a expectativa de uma redução de até 1,25 ponto percentual até o final do ano incorporada nos ativos.
Análise de especialistas e expectativas futuras
Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, destacou que na semana passada a curva americana indicou cortes na virada do primeiro para o segundo trimestre, com os juros terminando o ano entre 4,5% e 4,25%. “O mercado está mantendo alguma cautela devido aos dados do mercado de trabalho nos EUA que serão divulgados esta semana. Apesar dos indicadores apontarem para desaceleração, ainda são mistos e mostram resiliência na economia”, disse ela.
Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust, ressaltou que, embora o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, tenha sinalizado a manutenção da taxa e não uma antecipação da queda, é natural que o mercado realize lucros, aguardando os dados da semana. “Com os rendimentos em alta, os juros aqui acompanham, diante da ausência de novidades fiscais”, afirmou Velho.
Perspectivas e agenda econômica no Brasil
No âmbito nacional, a expectativa é que a agenda econômica no Congresso ganhe tração somente após o retorno ao Brasil do presidente Lula, do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, do presidente da Câmara, Arthur Lira, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
As declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ao longo do dia não tiveram impacto significativo sobre a curva. Ele abordou questões climáticas durante a LiveBC às 14h e, mais tarde, participou de um evento organizado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), focando no arcabouço da instituição para prevenção à lavagem de dinheiro.
Com informações do Broadcast
Imagem: Piqsels