Desde agosto de 2021, não houve nenhuma nova abertura de capital na Bolsa brasileira. Estamos, definitivamente, vivendo uma “Seca de IPO”.
Como não há nenhuma oferta na agenda da Bolsa para o mês de dezembro, este será o segundo ano sem novas aberturas de capital desde 1998. O primeiro foi justamente o ano passado.
Especialistas explicam que é a alta dos juros a culpada pelo tempo de estiagem. Com a taxa de juros alta, há falta de crédito no mercado (dinheiro para “pegar emprestado”).
Falta de crédito significa falta de investimentos, tanto das empresas quanto das pessoas físicas. Se tem pouco dinheiro circulando, você vai guardá-lo para gastar em atividades essenciais e não em caminhos risco.
Hélio João Pepe De Moraes, sócio do SGMP Advogados, explica que as altas taxas de juros também deixam os investimentos da renda fixa mais atrativos, já que aumenta o retorno de um ativo de baixo risco
“Em resumo, juros altos retiram recursos do mercado de capitais e inibem IPOs”, diz Hélio.
Em julho, no evento Capital Conecta, organizado pela Ancord, o mercado já estava discutindo essa falta de IPOs. A previsão dos analistas era de que, com a Reforma Tributária aprovada, taxa de juros em queda e uma maior segurança fiscal, empresas voltariam a Bolsa – ainda em 2023.
Entretanto, o cenário não parece perto de se realizar.
Não há também como eliminar o fator global. Gustavo Dezouzart, sócio da área de mercado de capitais do Costa Tavares Paes Advogados, explica que os conflitos geopolíticos que assolam o mundo trazem uma “aversão ao risco”.
Para 2024, Thiago Ribeiro, advogado do Nelson Wilians Advogados, e Helder Fonseca, sócio sênior do GVM Advogados, a expectativa é de que, com uma maior segurança fiscal, os IPOs voltarão a acontecer.
Agora, também houve uma “redução de burocracia”, o que, de acordo com o presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), João Pedro Nascimento, vai ajudar novas empresas a buscarem a abertura de capital.
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