A Bolsa fechou em queda refletindo o pedido de anulação de votos de parte das urnas eletrônicas pelo presidente Jair Bolsonaro e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Eles entraram com representação esta tarde no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) alegando “desconformidades de funcionamento” de alguns modelos.
Somado a isso, as incertezas em relação a equipe econômica do novo governo e a PEC de Transição ainda trazem apreensão ao mercado. Hoje os ruídos em torno do nome do ex-prefeito de São Paulo e ex-candidato derrotado ao estado de São Paulo, Fernando Haddad, para ocupar a pasta da Fazenda voltaram a circular no mercado e provocaram novamente estresse.
As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) chegaram a pesar no índice em dia em que passam a ser ex-dividendos e pelo rebaixamento das preferenciais pelo UBS BB e corte de preço-alvo.
Os papéis da estatal chegaram a cair mais de 4%, mas se recuperaram e fecharam mistos. As ações ordinárias fecharam em alta de 0,14%, cotada a R$ 27,06 e as preferenciais em baixa de 0,80%, a R$ 23,33.
Segundo João Lucas Tonello, CNPI e analista da Benndorf Research, o papel da Petrobras PN (PETR4) “trabalha em uma zona de suporte importantíssima contida entre R$ 20,73 e R$ 23,50, a qual não pode ser perdida para que haja manutenção da tendência primária (mais longa) de alta. Um fechamento no gráfico semanal abaixo dessa região seria um péssimo sinal para continuidade altista”.
O principal índice da B3 caiu 0,64%, aos 109.036,54 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro perdeu 1,27%, aos 109.470 pontos. A mínima no interdiário atingiu 107.867,47 pontos. O giro financeiro foi de R$ 27 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.
Leonardo de Santana, analista da Top Gain, disse que a Bolsa ampliou a queda com a informação de que Bolsonaro entrou com representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra as urnas eletrônicas. “Não acredito que dê em nada, mas o mercado é cauteloso, se estressou e acaba se protegendo”.
O analista da Top Gain também ressaltou que as estatais estão pesando hoje no índice. “As estatais não conseguem engatar e com esse governo eleito intervencionista será difícil engrenar, além disso os pontos de mau humor do mercado são a falta do anúncio de um ministro para a Economia e a PEC de Transição, se ela vai ser diluída ou se será passada inteira aprovação no Congresso”.
Thiago Calestine, economista e sócio da DOM Investimentos, comentou que a Petrobras pesa na queda da Bolsa “porque ela está ex-dividendos hoje e a notícia de rebaixamento pelo UBS BB também ajuda no movimento negativo”. O pagamento aos acionistas detentores das ações na B3 será feito em duas parcelas -20 de dezembro e 19 de janeiro de 2023. O Conselho de Petrobras aprovou o pagamento de R$ 43,7 bilhões em dividendos.
Calestine disse que ainda dois motivos estão deixando a Bolsa “nervosa” por conta da “falta de previsibilidade de uma equipe econômica do novo governo e pelo discurso do Lula agressivo do ponto de vista da expansão fiscal; o nome de Haddad gera dúvidas. Apesar de ele ser muito bom, muito técnico, não sabemos como pode performar na pasta da Fazenda porque esses requisitos dele são muito bons como professor”.
O economista e sócio da DOM Investimentos disse o mercado prefere certeza ruim a incerteza e as falas da Lula deixam “a gente nessa corda bamba e vai destruindo o valor do mercado a conta-gotas”.
Soraia Budaibes / Agência CMA
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