O mercado doméstico de câmbio testemunhou o dólar à vista subir nesta quinta-feira (30), fechando acima da marca de R$ 4,91. O movimento foi impulsionado pelo fortalecimento global da moeda americana. Essa alta ocorreu apesar da leitura benigna da inflação nos EUA em outubro. Os investidores, por sua vez, adotaram uma postura cautelosa quanto ao início do processo de queda de juros pelo Federal Reserve, possivelmente em 2024.
Movimentações do dólar
Desde a abertura dos negócios, o dólar manteve uma tendência de alta, atingindo um pico acima de R$ 4,94 pela manhã, um patamar não visto desde o último dia 11, com uma máxima registrada a R$ 4,9456. Operadores do mercado apontam que as cotações foram influenciadas pela disputa na formação da última taxa Ptax de novembro. Além disso, houve rolagem de contratos futuros e ajustes de posições de fundos característicos do fim de mês.
No decorrer da tarde, o dólar diminuiu o ritmo de alta, atingindo uma mínima de R$ 4,9142. Ao encerrar a sessão, estava cotado a R$ 4,9152, marcando um aumento de 0,56%. Apesar do avanço semanal de 0,34%, o dólar à vista encerrou novembro com uma queda de 2,50%. Entre as moedas latino-americanas em relação ao dólar, o peso mexicano liderou os ganhos no mês, registrando um crescimento superior a 3,5%. O índice DXY, que mede o comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis moedas fortes, fechou o mês com perdas em torno de 3%.
“O dólar subiu hoje com ajustes e a disputa pela Ptax, além de uma correção dos exageros nas apostas para os juros nos EUA”, apontou o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo. Ele também destacou preocupações com questões fiscais internas e alertou para um possível impacto no fluxo de recursos devido à taxação de fundos offshore. “Por enquanto, a taxa de câmbio deve continuar na faixa entre R$ 4,80 e R$ 5,00”, concluiu.
Cenário econômico americano e perspectivas
Novembro testemunhou mudanças nas projeções em torno da política monetária dos EUA. Índices de inflação ao consumidor e ao produtor, juntamente com indicadores de atividade abaixo das expectativas, não apenas descartaram a possibilidade de um aumento adicional nas taxas de juros pelo BC americano neste ano, mas também abriram espaço para apostas em flexibilização monetária no primeiro semestre de 2024.
No início do dia, o Departamento de Comércio dos EUA revelou que o índice de preços de gastos com consumo (PCE) permaneceu estável em outubro, contrariando a expectativa de um aumento de 0,1%. Em termos anuais, o índice subiu 3%, abaixo das projeções (3,1%). Já o núcleo do PCE, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, avançou 0,2% em outubro e 3,5% na comparação anual, alinhado com as expectativas.
Gino Oliveira, economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, destacou que a leitura anual do índice cheio do PCE, de 3%, é a menor desde março de 2021. “A desinflação persiste. A comunicação recente do Federal Reserve indica que os membros do Comitê de Política Monetária (FOMC) estão mais confiantes de que a inflação está em declínio”, afirmou Oliveira.
Reflexos para investimentos
Apesar do índice PCE favorável, os investidores moderaram as projeções mais agressivas para o início da redução de juros nos EUA. O acompanhamento da plataforma do CME Group aponta que o mercado voltou a apontar a reunião do Fed em maio como a data mais provável para essa redução, após prever inicialmente um corte em março. As taxas dos Treasuries, após quedas consecutivas, apresentaram alta hoje, com o retorno da T-note de 10 anos superando novamente os 4,30%. No final de outubro, essa taxa chegou a se aproximar dos 5%.
Com informações do Broadcast
Imagem: Piqsels