Hoje (30), os juros futuros registraram uma queda consistente nos contratos de curto e médio prazos, enquanto os contratos de longo prazo mantiveram-se próximos da estabilidade. A sessão foi marcada por declarações consideradas “dovish” do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, que retiraram pressão dos juros futuros durante a tarde. Esse movimento foi acompanhado pela reversão dos preços do petróleo e uma realização de lucros inicial na curva, impulsionada pelo avanço dos retornos dos Treasuries nos Estados Unidos, neutralizando o cenário.
No cenário dos contratos, as taxas para janeiro de 2025 caíram de 10,414% para 10,320%, enquanto as taxas para janeiro de 2026 diminuíram de 10,03% para 9,98%, fechando abaixo de dois dígitos pela primeira vez desde agosto passado. Por outro lado, as taxas para janeiro de 2027 se mantiveram estáveis em 10,09%, e as taxas para janeiro de 2029 aumentaram de 10,50% para 10,53%.
Variação e causas
Inicialmente, as taxas estiveram em alta, em consonância com o movimento dos yields americanos, apesar do índice de preços dos gastos com consumo (PCE, em inglês) ter ficado ligeiramente abaixo do esperado em outubro. Contudo, essa tendência foi corrigida posteriormente. Segundo Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, o comportamento da curva americana foi corrigido, independentemente do PCE, devido a ajustes necessários no mercado.
Petróleo e impacto nos preços
No período da tarde, o aumento das taxas locais começou a perder força, especialmente com a mudança de direção do petróleo, que, apesar dos anúncios de cortes na produção por vários países, caiu 2,43%, atingindo US$ 80 por barril. Esse declínio reforça a ideia de que o governo pode anunciar uma redução nos preços da gasolina ainda este ano, acelerando o processo de desinflação em curso.
Perspectivas para investidores
As falas de Gabriel Galípolo, durante um evento do JPMorgan, passaram a ditar a dinâmica das taxas futuras. O diretor mencionou a preferência por manter o ritmo de queda de 0,50 ponto percentual para a Selic “nas próximas reuniões”, sinalizando uma discussão no mercado sobre os cortes futuros e seu ritmo.
Essa sinalização, conforme destaca Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, aponta para uma discussão incipiente sobre a possibilidade de acelerar o ritmo dos cortes ou prolongá-lo. No entanto, as falas do Copom sugerem uma abertura para um ritmo mais acelerado ou prolongado, fornecendo pistas importantes para os investidores.
Conclusão do mês
Ao final do mês, as taxas longas cederam cerca de 100 pontos, enquanto as curtas diminuíram em torno de 80 pontos. Esse movimento expressivo reflete elementos internos e externos, como a redução da inflação global, o que fortalece a ideia do fim do ciclo de aperto dos juros, gerando um alívio nas curvas de longo prazo. A decisão governamental de não alterar a meta fiscal e a aprovação da taxação dos fundos de alta renda pelo Congresso também influenciaram o cenário, juntamente com uma leitura mais benigna do panorama inflacionário.
Com informações do Broadcast
Imagem: Piqsels