Pela primeira vez em mais de dois dois anos, as exportações e importações da China caíram em relação ao ano anterior. Levando em conta o volume registrado em outubro, as vendas de produtos chineses para o mundo caíram 0,3% em comparação com o mesmo mês de 2021, enquanto as compras do gigante asiático tiveram uma queda de 0,7%.
Ambas vieram abaixo das expectativas do mercado.
É a segunda queda consecutiva no volume de importações da China, que, em setembro, havia caído 0,3% na comparação com 2021. Enquanto nas exportações houve uma inversão: elas tiveram alta de 5,7% em relação ao mesmo período, em setembro e, agora, caem.
Sendo a primeira contração anual de importações desde a registrada em agosto de 2020, os dados têm tudo para preocupar o mercado brasileiro. Nos últimos dois anos, a cada R$ 10 que o Brasil por exportações, mais de R$ 3 vieram da China. É o patamar mais alto da história.
Essa dependência brasileira da demanda chinesa será um dos principais desafios de Luiz Inácio Lula da Silva em seu terceiro mandato, a partir do ano que vem.
Em outubro, durante o vigésimo Congresso do Partido Comunista, o presidente da China, Xi Jinping, deixou claro que o vai manter o pé no freio em relação ao crescimento econômico. O movimento tem tudo para atingir em cheio a economia brasileira, já que reduz a importação de produtos brasileiros.
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O líder comunista garantiu que vai manter sua política de Covid zero, que tem gerado a oscilação no funcionamento de comércios, portos e serviços em cidades inteiras, sendo apontada como uma das grandes responsáveis pela queda da atividade econômica.
“Colocamos a vida das pessoas acima de tudo”, disse, sem dar nenhum sinal de afrouxamento na testagem em massa obrigatória, na vigilância constante, nas quarentenas forçadas e na decretação de lockdowns regionais.
Buscar formas de reduzir o impacto disso nas contas brasileiras é essencial para quem ocupar a presidência nos próximos anos, tendo em vista que a exportação de matérias primas segue como o carro chefe da nossa economia.
O programa de governo do petista eleito no último dia 30 não faz uma menção sequer à China, bem como de seu adversário, derrotado, o atual presidente Jair Messias Bolsonaro.
Apesar de Bolsonaro ter alfinetado o principal parceiro comercial do Brasil, chegando a insinuar que a Covid-19 seria parte de uma guerra biológica, desde que ele assumiu o cargo, a participação da China no rol de importadores de produtos brasileiros aumentou mais de 15%.
Nos últimos 20 anos, as posições dos EUA e do gigante asiático no mapa de destino das nossas exportações praticamente se inverteram. Em 2021, os americanos responderam por 11,2% das exportações do Brasil.
A cada 10 toneladas de minério exportadas no ano passado, 6,5 foram para a China. A cada 100 barris de petróleo, 47 seguiram o mesmo destino.
Esse tipo de relação define inclusive o rumo da Bolsa de Valores, definido em grande parte pelas ações da Petrobras e da Vale, exportadoras de petróleo e minério de ferro, que têm a China como seu principal mercado.
A Vale é a empresa com maior representação no Ibovespa, sendo suas ações (VALE3) responsáveis por 14,8% do índice. Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) respondem por outros 12,4%.
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*Imagem: Piqsels.com