Os juros futuros encerraram com tendência de alta em vencimentos de curto e médio prazos, mantendo-se estáveis nos prazos mais longos. Este movimento reflete uma postura mais defensiva do mercado no encerramento das negociações do dia. Durante grande parte da tarde, os vencimentos de curto prazo permaneceram próximos da estabilidade, enquanto os de longo prazo apresentavam recuo. Esse comportamento foi influenciado pela agenda doméstica e pela redução na curva dos Treasuries, títulos do Tesouro dos EUA.
O IPCA-15 de novembro superou as projeções medianas, porém, apresentou leitura favorável dos preços de abertura. Assim, o dado não alterou significativamente as expectativas para a política monetária, mantendo as taxas curtas oscilando dentro de margens estreitas. Por outro lado, as taxas de longo prazo encontraram suporte nos Treasuries, na queda do dólar e no superávit primário do Governo Central, que ficou acima das estimativas medianas.
Movimentos dos juros futuros e suas influências
O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,450%, enquanto o DI para janeiro de 2026 alcançou 10,13%. Já o DI para janeiro de 2027 encerrou em 10,23%, e o DI para janeiro de 2029 registrou 10,63%.
Durante a sessão, os juros subiram inicialmente, refletindo a reação ao IPCA-15 e ao aumento das taxas nos EUA. No entanto, as taxas norte-americanas acabaram revertendo esse movimento, caindo após declarações do diretor do Federal Reserve, Christopher Waller, que demonstrou crescente confiança na política monetária para controlar a inflação. Esse cenário aumentou a probabilidade de estabilidade nos juros na reunião do Federal Reserve em dezembro (de 93% para 99%), bem como a chance de um corte de 100 pontos-base entre maio e dezembro de 2024. Esse movimento levou a taxa da T-Note de 2 anos a um patamar de 4,73%, o menor desde julho.
Análise do IPCA-15 e projeções futuras
Após um susto inicial, o mercado reagiu de forma mais tranquila à inflação de 0,33% apresentada pelo IPCA-15. Mesmo superando a mediana das estimativas (0,30%), os preços de abertura foram bem recebidos. A surpresa foi atribuída a itens voláteis, como passagens aéreas e alimentação, o que não compromete a tendência de desinflação em curso, ainda que em um ritmo moderado. Em um período de 12 meses, o IPCA-15 desacelerou de 5,05% para 4,84%.
Expectativas e possíveis cenários futuros para investidores
Especialistas, como Marianna Costa, economista-chefe do TC, indicam que se a inflação continuar nessa trajetória, é possível um cenário alternativo com uma aceleração nos cortes da Selic nas próximas reuniões do Copom no primeiro trimestre de 2024. Isso porque o corte de 0,5 ponto já está precificado, e o mercado busca oportunidades de ganho diante de surpresas. No entanto, a possibilidade de aceleração em dezembro pode não ser tão forte, mas pode se consolidar em janeiro, dependendo dos dados divulgados até lá.
Comentários dos representantes do Banco Central e cenário fiscal
Fernanda Guardado, diretora de Assuntos Internacionais do Banco Central, reforçou a indicação de cortes de 0,5 ponto na Selic em reuniões futuras, sugerindo que mudanças nesse ritmo exigiriam surpresas consideráveis nos dados. A área fiscal também trouxe alívio, com um superávit primário do Governo Central em outubro acima das estimativas, o que contribuiu para amenizar a ponta longa do DI. Esse cenário, mesmo que possa ser pontual, é considerado um fator de alívio, especialmente após a manutenção da meta fiscal no relatório final da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Com informações do Broadcast
Imagem: Piqsels