A Suzano celebrou nesta segunda-feira um contrato de compra de participação societária (equity purchase agreement) com a Kimberly-Clark
para a aquisição da totalidade das quotas detidas pela KC Brasil em uma nova sociedade que será titular dos ativos referentes ao negócio de fabricação, marketing, distribuição e/ou venda no país de produtos de tissue (papéis de higiene). Às 12h30, as ações da companhia cresciam 1,30%, a R$ 52,09.
Para a Guide Investimentos, a operação é positiva e complementar ao negócio atual da Suzano. Contudo, a operação é muito pequena para ter impacto significativo nos resultados da Suzano. A companhia produz cerca de 1,3 milhão de tonelada de papel por ano e a operação da KC vai adicionar apenas 10% de crescimento em termos de volume.
“A operação de papel representa apenas 30% do total da Suzano (os demais 70% vêm da venda de celulose). Ou seja, a operação da KC no Brasil representa ao redor de 3% da produção atual da Suzano”, explicou a Guide.
A Suzano destacou que a união do negócio de Tissue da Kimberly-Clark no Brasil com a operação de bens de consumo da Suzano apresenta complementariedade de categorias de produtos e de geografia. A Suzano atua sobretudo nos mercados de papel higiênico, toalhas de papel e
guardanapo. Já a linha de produtos da Kimberly-Clark conta com papéis higiênicos, guardanapos, lenços umedecidos, lenços de papel e wipes secos. As linhas de fraldas infantis e adultas e absorventes femininos não foram incluídas na negociação.
A Ativa Investimentos também vê com bons olhos a expansão no mercado de tissue por parte de Suzano, que dispondo da marca Neve, terá mais condições de brigar em uma parte mais premium do mercado de tissue no país. Ademais, a aquisição dos ativos da Kimberly-Clark do Brasil, complementa a participação da Suzano no mercado de tissue, hoje mais estabelecida através da marca Mimmo nas regiões norte e Nordeste do país.
“Do ponto de vista financeiro, ainda que não tenha aberto os valores da transação, o mercado aponta que a operação pode ter saído próxima a R$ 1,5 bi, valor levemente superior aos U$ 200 milhões previamente estimados quando da intenção da Kimberly-Clark em se desfazer de seus ativos na América Latina. Embora a Kimberly-Clark não divulgue o valor de seus ativos por região, acredita-se que a operação tenha sido feita sob um EV/Ebitda próximo de 10 a
12x. O valor é alto se compararmos os múltiplos atuais pelos quais as ações de Suzano transacionam”, avaliou a Ativa.
Por fim, o Bank of America (BofA) disse que o movimento deve ajudar a aumentar a participação de mercado da Suzano em tissue no Brasil para 20-25% (de 11%), colocando-a em um tamanho comparável ao da CMPC (25-30%).
“A Suzano também poderia potencialmente extrair sinergias por meio da monetização de créditos fiscais (créditos de ICMS). Mantemos nossa recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 79”, concluiu o BofA.
Emerson Lopes / Agência CMA
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