Os juros futuros encerraram a quarta-feira (22) em queda moderada, impulsionados por uma série de eventos fiscais e pela diminuição nos preços do petróleo, indicando a possibilidade de redução nos valores dos combustíveis. Esse movimento foi resultado de declarações consideradas “dovish” pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e ajustes na projeção do déficit de 2023 pelo governo.
No mercado financeiro, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 registrou uma redução de 10,563% para 10,500%, enquanto o DI para janeiro de 2026 caiu de 10,30% para 10,24%. Já o DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 10,36% (de 10,43%), e o DI para janeiro de 2029 fechou em 10,77%, contra 10,83% no dia anterior.
Influências do congresso e do petróleo
Durante a manhã, as taxas chegaram a diminuir cerca de 20 pontos-base, reflexo da aprovação, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, do projeto de lei de taxação de fundos offshore e fundos exclusivos. O governo também obteve avanços na proposta de taxação das apostas esportivas, igualmente aprovada na CAE. Essas propostas compõem um pacote para aumentar a arrecadação e buscar a eliminação do déficit primário em 2024.
Análise de especialistas
Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho, apontou que a evolução dessas propostas no Congresso propiciou a redução parcial dos prêmios adicionados à curva nos últimos dias. Ele ressaltou que o cenário externo também influenciou com a baixa das commodities. Rostagno destacou: “A queda nos preços do petróleo é benéfica neste momento de pressão por redução nos valores dos combustíveis”. Apesar disso, o declínio do petróleo foi mais acentuado durante a tarde.
Já Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos, expressou preocupação com a revisão da estimativa de déficit primário de 2023, destacando que isso torna mais desafiadora a missão de equilibrar as contas em um prazo adequado. Salto lembrou que a confiança na sustentabilidade fiscal é crucial na definição da curva de juros.
Perspectivas do Banco Central
As declarações de Roberto Campos Neto à TV Bloomberg tiveram repercussões imediatas nas taxas. Ele indicou a continuidade do ciclo de cortes de juros, mesmo com as expectativas de inflação de prazos mais longos ainda acima das metas. Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Wealth Management, interpretou as palavras de Campos Neto como um sinal de que o Banco Central mantém uma postura de ajuste, ajustada às expectativas de inflação. Olivares destacou: “Estamos cortando juros porque a inflação está em queda, e poderíamos cortar mais se as expectativas estivessem ancoradas”.
Com informações do Broadcast
Imagem: Piqsels