O dólar à vista, após um viés inicial de baixa, ganhou força durante a tarde desta quarta-feira (22) e ultrapassou novamente a marca de R$ 4,90. O movimento foi acompanhado pela perda de fôlego do Ibovespa, causando certo desconforto nas mesas de operação devido à revisão para cima do déficit fiscal previsto para este ano. Essa situação impactou diretamente na valorização da moeda brasileira.
Movimentações do dólar e Ibovespa
Operadores destacam que, após o avanço de aproximadamente 1% no dia anterior, o dólar oscilou em margens estreitas, com investidores mais retraídos, antecipando o feriado do Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos. Esta antecipação deve reduzir a liquidez do mercado brasileiro. O dólar variou entre R$ 4,8781 (mínima) e R$ 4,9198 (máxima), encerrando o dia cotado a R$ 4,9017, representando uma alta de 0,07%. Na semana, a moeda acumula uma ligeira baixa de -0,09%.
Comportamento do real e moedas estrangeiras
Apesar do cenário predominante de alta do dólar no exterior, o real teve um desempenho relativamente bom. O índice DXY, que mede o valor do dólar em comparação com outras moedas, avançou mais de 0,30%, ultrapassando os 104,00 pontos. O dólar também se valorizou em relação à maioria das moedas emergentes e de países exportadores de commodities. O real e o peso mexicano foram os únicos a, em momentos específicos da sessão, ganhar terreno em relação ao dólar.
Impacto dos indicadores americanos
Os indicadores econômicos dos Estados Unidos trouxeram informações que moderaram o otimismo do mercado quanto a um possível início de um ciclo de corte de juros em maio de 2024. Os pedidos de auxílio-desemprego caíram mais do que o previsto na semana passada, e as expectativas de inflação para os próximos 12 meses foram levemente revisadas para cima, conforme pesquisa da Universidade de Michigan.
Segundo Luiz Felipe Bazzo, CEO do Transferbank, o mercado ainda está absorvendo as indicações da ata do Federal Reserve, que reiterou a abordagem escalonada nas decisões monetárias e não descartou a possibilidade de aumentos adicionais nas taxas de juros nos Estados Unidos. Ele também menciona que a manhã buscou uma recuperação da moeda brasileira após as quedas recentes, possivelmente relacionada a um influxo de investimento estrangeiro na bolsa doméstica.
Impacto do déficit fiscal no mercado
No mercado local, houve desconforto com a ampliação da estimativa do déficit primário para 2023, conforme o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do 5º bimestre. A projeção subiu de R$ 141,4 bilhões para R$ 177,4 bilhões. A meta do Governo Central para o resultado primário deste ano é um déficit de até R$ 213,6 bilhões. Entretanto, a Fazenda havia previsto um rombo menor, aproximadamente 1% do PIB (cerca de R$ 100 bilhões).
Rogério Ceron, secretário do Tesouro Nacional, sugere que o déficit primário provável de 2023 ficará em torno de 1,32% do PIB. Uma das razões apontadas para um déficit menor que os R$ 177,4 bilhões previstos é o “empoçamento” de recursos do governo federal, estimado em cerca de R$ 30 bilhões para este ano.
Análise do especialista
Leonardo Monoli, sócio e diretor de Gestão da Azimut Brasil Wealth Management, aponta que o comportamento do câmbio foi instável no dia, tentando melhorar pela manhã e posteriormente se enfraquecendo com a revisão do déficit maior. Ele observa que, com o “empoçamento”, o déficit tende a retornar para os R$ 140 bilhões previstos anteriormente. Monoli destaca a semana de baixa liquidez, em virtude do feriado nos EUA, afirmando que é complicado extrair informações relevantes do movimento cambial nesse cenário.
Com informações do Broadcast
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