Os juros futuros encerraram o pregão em alta, seguindo a tendência de realização de lucros observada ontem. Fatores internos, no início do dia, e a piora no cenário externo mais tarde impulsionaram o avanço das taxas. Essa movimentação foi impulsionada pelo fortalecimento do dólar e pelos rendimentos dos Treasuries de longo prazo nos Estados Unidos, influenciados pela ata do Federal Reserve e um leilão de títulos do Tesouro americano com demanda abaixo do esperado.
Aumento das taxas e impacto nos contratos de depósito interfinanceiro (DI)
Na sessão, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,575%, enquanto o DI para janeiro de 2026 avançou para 10,33%. Já o DI para janeiro de 2027 terminou em 10,45%, e a do DI para janeiro de 2029 subiu para 10,84%. Essas altas refletem a pressão do noticiário local, com mais estados brasileiros considerando elevar a alíquota modal do ICMS para garantir uma maior receita na distribuição do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). Isso impactou não apenas os DIs, mas também as taxas de inflação implícita das NTN-B no mercado secundário.
Impacto das decisões estaduais na inflação e no mercado financeiro
O economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, explicou que o aumento das alíquotas de ICMS gera mais incerteza no quadro inflacionário. Inicialmente concentrada em estados do Nordeste, a medida viu a adesão de outros estados robustos, como São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná e agora com expectativa de adesão também dos estados do Centro-Oeste. Esse movimento impactou as taxas locais, alinhando-se à valorização do dólar e aos rendimentos dos Treasuries longos nos EUA, que se mantiveram em alta após um leilão de títulos atrelados à inflação abaixo da média e pela leitura da ata do Fed, considerada levemente hawkish.
Perspectivas e análise para investidores
Leonardo Cappa, economista-chefe da Traad, aponta que a ata do Fed deixa evidente que um ciclo de cortes de juros não é esperado a curto prazo. A precificação atual do mercado, com 59% de chances de queda em maio, é vista como otimista, pois seria necessário que os núcleos de inflação estivessem abaixo de 3% para uma mudança significativa. Em outubro, o núcleo do índice de preços ao consumidor (CPI) registrou 4%.
Cappa destaca ainda que a curva local pode passar por correção, considerando a redução expressiva nos prêmios na semana anterior, levando o mercado a precificar uma Selic terminal abaixo de 10,00%. Observa-se um cenário de menor otimismo após esse rali recente.
Fatores externos e eventos em Brasília
Além desses movimentos, o mercado também acompanhou eventos em Brasília, como a reunião entre o presidente Lula e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, diante de especulações sobre pressões para a saída deste último. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou no final do dia que o encontro focou no cronograma de investimentos.
A votação do projeto de lei de taxação das offshores e dos fundos exclusivos foi adiada para o dia seguinte na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), após um pedido de vista.
Com informações do Broadcast
Imagem: Piqsels