O dólar à vista apresentou uma queda de mais de 1% na sessão desta segunda-feira (20), encerrando o dia no menor patamar desde o início de agosto. Essa queda foi mais acentuada do que a recuperação observada na última sexta-feira.
O movimento foi influenciado pelo enfraquecimento da moeda americana em relação a outras moedas fortes e emergentes. Isso ocorreu em meio ao avanço dos preços das commodities, impulsionado pelas expectativas de estímulos ao setor imobiliário na China. Além disso, houve relatos de entrada de fluxo para a bolsa nacional e internalização de recursos por parte de exportadores.
Tendências do mercado influenciam o comportamento do dólar
Durante a sessão, o dólar registrou queda desde a abertura, atingindo o patamar de R$ 4,85 durante a tarde, em meio ao avanço do Ibovespa e das Bolsas em Nova York. Este movimento aconteceu após as taxas dos Treasuries mais longos virarem para o campo negativo.
O leilão do Tesouro dos EUA de papéis de 20 anos teve uma demanda acima da média, o que sinaliza uma redução de prêmios, algo positivo para ativos emergentes. Com isso, a moeda americana fechou em baixa de 1,10%, cotada a R$ 4,8517 – o menor valor de fechamento desde 2 de agosto (R$ 4,8055). No entanto, a liquidez foi consideravelmente reduzida devido ao feriado do Dia da Consciência Negra em São Paulo.
Expectativas se concentram na agenda legislativa e decisões do Federal Reserve
Com a agenda doméstica esvaziada, os investidores direcionaram suas atenções para a expectativa de avanço na agenda econômica do Congresso. Destacam-se as possíveis votações do relatório do projeto de lei que taxa fundos offshore na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, prevista para amanhã (21), e do parecer final da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) na Comissão Mista de Orçamento (CMO), na quarta-feira (22).
Variações do dólar e cenário externo alimentam especulações
No cenário internacional, as atenções se voltam para a divulgação da ata do encontro de política monetária do Federal Reserve, marcada para amanhã. Após dados de inflação nos EUA que foram considerados moderados na semana passada, cresceu a percepção de que o Banco Central americano possa ter encerrado seu ciclo de elevação de juros.
Agora, especula-se sobre a possibilidade de um processo de redução dos juros já no primeiro semestre. É importante notar que esta semana é mais curta para o mercado dos EUA devido ao feriado do Dia de Ação de Graças, na quinta-feira (23).
Análise especializada e projeções do mercado
O analista de câmbio Elson Gusmão, da corretora Ourominas, apontou que não houve mudanças significativas no cenário doméstico que justificassem a valorização do real hoje. Gusmão destacou o foco do mercado no cenário externo e mencionou que amanhã teremos a ata do Fed, com especulações sobre uma possível redução de juros nos EUA até maio de 2024. Ele ressaltou que, com a liquidez reduzida, qualquer movimentação pode afetar os preços. Gusmão prevê uma possível demanda significativa de empresas por dólar para realizar remessas de lucros e dividendos, considerando o patamar atrativo de R$ 4,85.
Comportamento do dólar frente a divisas fortes e emergentes
Em relação ao comportamento do dólar em comparação a seis divisas fortes, o índice DXY operou em queda firme, atingindo uma mínima de 103.379 pontos. Entre as moedas emergentes e de países exportadores de commodities, destacaram-se o peso colombiano, o real e o peso mexicano.
Estas movimentações no mercado internacional estão relacionadas à decisão do Banco do Povo da China (PBoC) de manter suas principais taxas de juros inalteradas pelo terceiro mês consecutivo. Há, no entanto, expectativas de apoio financeiro a grandes incorporadoras, o que pode amenizar a crise no setor imobiliário. O peso argentino teve uma leve valorização no dia seguinte à eleição de Javier Milei à presidência da Argentina.
Com informações do Broadcast
Imagem: Piqsels