A Bolsa fechou em queda de 2,32% com maior intensidade que os índices norte-americanos em dia de forte aversão ao risco com a maioria das ações do índice em baixa refletindo a alta das taxas de juros futuros e com ajuda do recuo do setor financeiro.
Os papéis dos bancos caíram por conta de o “Banco Central limitar a taxa de remuneração de emissor de cartões, com o objetivo de reduzir os custos operacionais de cartões-pré-pago e débito ao consumidor final”, disse Alexsandro Nishimura, economista e sócio da BRA.
O principal índice da B3 caiu 2,32%, aos 109.114,16 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro perdeu 2,49%, aos 109.430 pontos. O giro financeiro era de R$ 27 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.
Virgilio Lage, especialista da Valor Investimento, disse que a queda na Bolsa reflete “o sentimento [dos investidores] de que o Banco Central não deve conseguir manter a taxa de juros no patamar atual [13,75%] e terá de subir mais diante de um cenário de mais insegurança interna com as eleições e inflação externa”.
Daniel Miraglia, economista-chefe da Integral Group, disse que uma série de fatores impacta no movimento da Bolsa e até o fim do ano o mercado de ações deve continuar desafiador.
“A Europa está sentindo o choque de oferta e de alimentos, recrudescimento em torno da guerra, desaceleração importante da economia chinesa e vemos a destruição de riqueza no mercado de renda fixa dos países desenvolvidos, títulos da dívida de prazos longos, o que afeta o mercado global.
Marco Noernberg, líder de renda variável da Manchester Investimentos comentou que a Bolsa está caindo mais forte acompanhando a alta das taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs).
“A correlação Bolsa versus a taxa de juros é muito forte aqui e diante de um cenário mais complicado na Europa, com inflação persistente e os bancos centrais subindo juros, reflete no Brasil”.
Os títulos do governo britânico caíram forte hoje com as medidas de incentivo de corte de impostos e os títulos dos norte-americanos também avançavam. “Nosso cenário de alta [taxa de juros] é reflexo de lá fora, o impacto aqui é inevitável”. Mas Noernberg lembrou que os DIs caíram bem recentemente, a taxa mais longa -DI para janeiro de 2029 estava a 13,5% e hoje está a 11,8%.
O grande trigger para essa semana será “a inflação PCE nos Estados Unido [na sexta, 30], se vier muito alta o mercado vai ser penalizado, e o cenário da economia na Europa].
Soraia Budaibes / Agência CMA
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