O dólar à vista encerrou esta sexta-feira (17), em alta significativa no mercado doméstico, ultrapassando a marca de R$ 4,90. Esse movimento ocorreu em oposição à tendência de enfraquecimento da moeda americana em relação a pares como o euro e o iene no cenário internacional.
Essa valorização foi motivada pela expectativa de finalização do ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos. Operadores atribuíram a valorização do real, em parte, à antecipação de compras por parte de importadores e remessas ao exterior por empresas.
Impacto do feriado em São Paulo no mercado cambial
Esse comportamento é justificado pelo feriado estadual na próxima segunda-feira, 20, em São Paulo, pelo Dia da Consciência Negra. Embora o mercado de câmbio opere normalmente nesse dia, espera-se uma liquidez reduzida. Além disso, houve ajustes de posições e movimentos de realização de lucros, dado que a moeda acumula ganhos expressivos no mês.
Comportamento do dólar ao longo do dia
Apesar de uma breve queda no início da sessão, atingindo a mínima de R$ 4,8533, o dólar à vista operou predominantemente em alta ao longo do dia. Ao encerrar a jornada, alcançou R$ 4,9059 na máxima, representando um avanço de 0,74%.
Análise sobre movimentos internos e externos
Hideaki Iha, operador de câmbio da Fair Corretora, destaca: “O dólar já tinha registrado uma queda considerável em novembro e estamos observando agora uma correção. Além disso, há um movimento de importadores e empresas realizando remessas ao exterior, aproveitando a taxa abaixo de R$ 4,90”. Esse comportamento contribuiu para o avanço mais expressivo do dólar no mercado interno.
Perspectivas relacionadas ao desempenho econômico
A economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, associa a alta do dólar no mercado doméstico de hoje a questões internas, especialmente ao fraco desempenho do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em setembro.
Ela destaca que “outras moedas emergentes também estão se valorizando em relação ao dólar, reforçando que se trata de um movimento interno. Acredito que esse indicador mais fraco possa levar a revisões para baixo do PIB nos terceiro e quarto trimestres”.
Análise do cenário externo
No cenário externo, o índice DXY, que avalia o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis moedas fortes, operou em queda e ultrapassou o patamar dos 104.000 pontos. Na semana, o Dollar Index registrou uma queda superior a 1,5%.
Especulações sobre ações do Federal Reserve
Luiz Felipe Bazzo, CEO do Transferbank, destaca que “por trás da tendência de baixa para o dólar no exterior está a percepção de que, devido aos últimos números de inflação e atividade, o Federal Reserve tende a não aumentar mais as taxas de juros”.
Projeções futuras
A Capital Economics avalia que uma desaceleração acentuada do crescimento econômico dos Estados Unidos no primeiro semestre de 2024, seguida por um aumento na taxa de desemprego, poderá motivar “uma série mais agressiva de cortes de juros por parte da Federal Reserve (Fed) no próximo ano, com até 200 pontos-base de flexibilização”.
Com informações do Broadcast
Imagem: Piqsels