Na sessão de hoje (14), os juros futuros encerraram em queda consistente, influenciados pela leitura positiva do índice de preços ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos, referente a outubro, e pela fraqueza apresentada no setor de serviços em setembro. Esses fatores impactaram diretamente o mercado de Treasuries, levando as taxas a atingirem seus níveis mais baixos em dois meses. Isso resultou na precificação da Selic no fim do ciclo, rompendo o patamar de dois dígitos.
As taxas de juros principais fecharam a sessão nos níveis mais baixos desde meados de setembro. O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 registrou 10,555%, comparado aos 10,722% do dia anterior, enquanto o DI para janeiro de 2026 caiu de 10,49% para 10,28%. Já o DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 10,41% (10,62% no dia anterior), e o DI para janeiro de 2029 ficou em 10,82% (10,98% no dia anterior).
Impacto dos indicadores nos mercados
A dinâmica da curva se consolidou logo pela manhã, quando a queda inesperada no volume de serviços em setembro, de 0,3%, já influenciou a baixa nas taxas. O movimento mais expressivo, contudo, ocorreu após as 10h30, com a divulgação do CPI. Tanto o índice cheio, estável, quanto o núcleo, com alta de 0,2%, ficaram abaixo das expectativas (0,1% e 0,3%, respectivamente). Em 12 meses, o CPI subiu 3,2%, desacelerando em relação aos 3,7% de setembro, enquanto o núcleo atingiu 4% no mês passado, contra 4,1% em setembro.
Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho, afirmou: “Os resultados vieram ligeiramente abaixo do esperado e com composição benigna, reforçando a ideia de que o Fed encerrou o ciclo de alta de juros e animando apostas na antecipação do ciclo de cortes”.
Projeções e expectativas para investidores
A redução expressiva nos retornos dos Treasuries, com a taxa da T-Note de dez anos voltando abaixo de 4,50%, aponta para um ambiente externo mais favorável. O mercado projeta cortes de 50 pontos-base para a Selic nas reuniões de dezembro e janeiro, com a possibilidade de uma desaceleração para 25 pontos em março. Essa perspectiva coloca a projeção da Selic ao fim de 2024 em 9,94%, tecnicamente abaixo de dois dígitos após semanas em torno de 10,50%.
Impactos no cenário externo e interno
No cenário internacional, o petróleo zerou ganhos após o CPI, refletindo expectativas de uma guerra no Oriente Médio menos duradoura do que inicialmente previsto.
Internamente, a desaceleração da atividade, evidenciada pela Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), oferece conforto ao Banco Central diante do alívio na Selic. A queda de 0,3% no volume em setembro se aproximou do piso das estimativas (-0,4%), prevendo-se um possível desempenho negativo no PIB do terceiro trimestre de 2023.
Com o CPI e a PMS favorecendo posições aplicadas, o mercado temporariamente minimizou a cautela em relação ao risco de mudança na meta fiscal de 2024, mesmo após a reunião do presidente Lula com a equipe econômica, que, segundo apurações, não teve resultados conclusivos.
Com informações do Broadcast
Imagem: Piqsels