O dólar comercial fechou em alta de 1,66%, cotado a R$ 5,2390. O movimento de forte aversão global ao risco foi causado pelas incertezas na China e Europa. Além disso, as sinalizações de que o Banco Central (BC) continue com uma postura agressiva no combate à inflação também ajudaram a derrubar ainda mais a moeda brasileira.
Para o analista da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, “o Brasil hoje está destoando, até pior que o resto. O investidor estrangeiro está parando de entrar com o dólar, e o (presidente do BC) Roberto Campos Neto sinalizou que o combate à inflação vai ser duradouro, em um tom mais hawkish (duro)”.
Komura também entende que a atividade econômica dos Estados Unidos, que continua aquecida, sugere um Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) mais duro na reunião deste mês. O índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos foi de 43,7 pontos em agosto.
“Enquanto não achamos que os Estados Unidos não vemos uma recessão iminente, na Europa a recessão técnica deve se oficializar após o inverno”, analisa Komura.
Segundo o sócio fundador da Pronto! Invest, Vanei Nagem, “a deterioração do yuan pode enfraquecer mais os emergentes”.
“A crise energética com a Rússia praticamente cortando o fornecimento de gás para a Europa, em especial na Alemanha, afeta ainda mais o cenário do bloco europeu”, explica Nagem, que também ressalta que o aumento dos juros no continente deve retirar investimentos das economias em desenvolvimento, como o Brasil.
De acordo com o boletim da Ajax Capital, “lá fora, as taxas de retorno anual dos Treasury Bonds (Tesouro Americano) voltam a subir, o que favorece o dólar, e traz pressão aos preços das commodities. Por aqui, mercados devem acompanhar humor externo”.
O boletim ainda destaca que os novos lockdowns em algumas regiões chinesas impossibilitam a mobilidade plena de 65 milhões de habitantes, acendendo novamente o sinal de alerta para o país asiático.
Paulo Holland / Agência CMA
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