As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) operam em alta após fala de diretores do Banco Central. Nesta segunda-feira (5), Campos Neto afirmou que a batalha contra a inflação ainda não foi vencida e que não é possível reduzir os juros neste momento, apesar da expectativa do mercado. “A batalha contra a inflação não está ganha. O BC ainda tem trabalho a fazer. No Brasil, subimos os juros antes (que os demais países) e de forma mais forte. Houve melhora recente por medidas do governo, mas ainda existe um elemento de preocupação grande”, afirmou Campos Neto na 22 edição do Prêmio Valor 1000, promovida pelo jornal Valor Econômico. “Boa parte da queda dos índices veio da redução dos preços dos combustíveis, seja pela baixa concedida pela Petrobras, seja pela redução de impostos. Ou seja, a desaceleração da inflação decorre da movimentação de um item importan temas isolado dentro de uma cesta de produtos e serviços cujos preços ainda não arrefeceram”, afirmou a Levante em relatório.
A Bolsa tem um dia de forte aversão ao risco refletindo os cenários doméstico e externo. Por aqui, a fala de ontem do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto (RCN), e mais cedo do diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra, sobre a política monetária azedou o humor dos investidores. Atrelado a isso, a Petrobras (PETR3 PETR4) cai bastante 3,43% e 3,96%, que tem peso no índice, com a desvalorização do petróleo no mercado internacional e expectativa do evento de 7 de setembro. Os papéis do Branco do Brasil (BBAS3) perdiam 1,49% e por ser estatal também reflete o dia da Independência. A Vale (VALE3), ação de maior representativa, também cai forte, após alta da véspera. Mais cedo, nos Estados Unidos, o índice de gerentes de compra de agosto (PMI, sigla em inglês) veio ruim-caiu a 43,7 pontos em agosto e o mercado previa 47,3 pontos- contribuindo para o pessimismo dos agentes financeiros. RCN admitiu que pode vir alta de juros em setembro e está descartada a queda dos juros vai ficar ainda mais restritiva por um tempo, os juros futuros dispararam impactando as ações de consumo no Ibovespa.
O dólar acelerou o ritmo de alta e já opera acima de R$ 5,20. As dúvidas sobre a economia na China e as incertezas sobre a recuperação econômica europeia fortalecem a moeda norte-americana globalmente. Segundo o sócio fundador da Pronto! Invest, Vanei Nagem, “a deterioração do yuan pode enfraquecer mais os emergentes”. “A crise energética com a Rússia praticamente cortando o fornecimento de gás para a Europa, em especial na Alemanha, afeta ainda mais o cenário do bloco europeu”, explica Nagem, que também ressalta que o aumento dos juros no continente deve retirar investimentos das economias em desenvolvimento, como o Brasil.
Pedro do Val de Carvalho Gil / Agência CMA
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