Após uma sequência de cinco pregões em queda, o dólar à vista se valorizou na sessão desta quarta-feira (8), e encerrou acima do patamar de R$ 4,90. Esse movimento, de acordo com analistas do mercado financeiro, ocorreu devido ao cenário global de aversão ao risco, com perdas nas moedas emergentes, o que incentivou a realização de lucros no mercado interno. Além disso, questões fiscais domésticas também influenciaram o comportamento do dólar. O setor público consolidado apresentou um déficit maior do que o esperado em setembro.
Variação do dólar no dia
No fechamento do mercado, o dólar à vista registrou alta de 0,66%, atingindo R$ 4,9071, com uma mínima de R$ 4,8720 e máxima de R$ 4,9170. No entanto, mesmo com esse repique, a moeda acumula uma queda de 2,66% no mês. Esse movimento aconteceu em um contexto de liquidez moderada no mercado futuro de câmbio, sugerindo que não houve uma reversão de tendência significativa por parte dos investidores.
Powell não traz sinalizações claras
O destaque do dia ficou por conta da participação do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, em uma conferência em Washington. No entanto, seu discurso não trouxe diretrizes claras sobre a política monetária. Havia expectativas de que Powell reforçasse a postura mais branda do Banco Central americano, em contraposição a declarações mais rígidas de outros membros do Fed recentemente.
Cenário internacional de incertezas
Globalmente, o índice DXY oscilou entre ligeira alta e estabilidade. O dólar americano ganhou terreno em comparação com a maioria das moedas emergentes e de países exportadores de commodities. Entre as moedas latino-americanas, o peso chileno e o peso colombiano foram as que mais sofreram desvalorização, com perdas superiores a 2%. Além disso, os preços do petróleo caíram, com o contrato do tipo Brent atingindo seu menor valor desde julho, abaixo de US$ 80.
Explicando o movimento do dólar
Felipe Izac, sócio e chefe de câmbio da Nexgen Capital, comentou sobre o movimento do dólar, afirmando que a recente desvalorização da moeda, com a postura mais flexível do Fed na semana anterior, incentivou importadores a entrar no mercado, o que explicaria o comportamento da taxa de câmbio hoje.
Cenário doméstico e desafios fiscais
No cenário doméstico, a atenção continua voltada para a possível votação da reforma tributária em primeiro turno no Senado, assim como para o debate sobre a mudança da meta fiscal de 2024. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou confiança na aprovação da regulamentação das subvenções do ICMS ainda este ano, como uma medida para aumentar a arrecadação federal e buscar equilibrar as contas públicas em 2024.
Campos Neto alerta sobre a meta fiscal
Durante um evento em Nova York à tarde, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, elogiou o trabalho de Haddad e alertou que alterar a meta fiscal de 2024 poderia aumentar a incerteza e, consequentemente, os prêmios de risco. Segundo Campos Neto, essa mudança poderia ser interpretada pelos investidores como um “abandono” do novo arcabouço fiscal. Ele enfatizou que, dadas as taxas de juros elevadas nos países desenvolvidos, as economias emergentes precisam manter sua responsabilidade fiscal para lidar com um ambiente de liquidez mais restrito.
Com informações do Broadcast
Imagem: Piqsels