A Eletrobras divulgou na sexta-feira (12) o balanço do segundo trimestre de 2022. O lucro líquido foi de R$ 1,4 bilhão, recuou de 45% em comparação ao mesmo período do ano passado, que chegou a R$ 2,5 bilhões. No acumulado do primeiro semestre, o lucro chegou a R$ 4,1 bilhões, resultado 1% inferior ao primeiro semestre de 2021.
Segundo o relatório da companhia, o resultado do segundo trimestre foi impactado, negativamente, pela provisão para perdas em investimentos no montante de R$ 890 milhões, em função, principalmente, do aporte de capital realizado por Furnas na SPE Santo Antônio Energia, em junho de 2022, pelo registro de PCLD de que somou R$ 694 milhões, influenciado pelo registro da inadimplência da distribuidora Amazonas Energia, em especial no que se refere a dívida financeira com a holding e pela variação cambial negativa de R$ 625 milhões no trimestre, devido a exposição de dívida da companhia em dolar.
A receita operacional líquida, por outro lado, cresceu 19%, passando de R$ 7,43 bilhões no segundo trimestre de 2021 para R$ 8,86 bilhões no segundo trimestre deste ano, um crescimento de 19%, influenciada pela melhor performance nos contratos bilaterais e pelo reajuste anual das receitas de transmissão, cuja base de ativos foi ampliada no ciclo 21/22 pelo reperfilamento da RBSE.
O Ebtida (lucros antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado teve alta de 6%, ao passar de R$ 4,6 bilhões para R$ 4,8 bilhões no período.
A companhia registrou um efeito positivo decorrente do impacto dos registros dos eventos de privatização no montante total de R$ 742 milhões e R$ 454 milhões de efeito no resultado pela venda da CEEE-T.
O Ebtida IFRS, no valor de R$ 2,98 bilhões no segundo trimestre de 2021, passou para um montante positivo de R$ 4,14 bilhões no segundo trimestre de 2022. A Receita Operacional Líquida ajustada apresentou crescimento de 19%, passando de R$ 7,41 bilhões no segundo trimestre de 2021 para R$ 8,8 bilhões no segundo trimestre de 2022. O Ebtida ajustado apresentou crescimento de 6%, passando de R$ 4,59 bilhões no primeiro trimestre de 2021 para R$ 4,86 bilhões no segundo trimestre de 2022.
A receita do segmento de Geração de energia apresentou crescimento de 5% no primeiro semestre de 2022 em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse crescimento foi influenciado, principalmente, pela maior receita de Suprimento e Fornecimento de energia elétrica que tiveram aumentos nos preços praticados e nos volumes, pelo reajuste de contratos, e pelo crescimento da receita de Receita de Operação e Manutenção das usinas ainda sob regime de cotas, em decorrência do reajuste anual da RAG.
O resultado financeiro apresentou variação negativa, tendo apresentado um resultado positivo de R$ 690 milhões no segundo trimestre de 2021 e negativo de R$ 1,45 bilhão no segundo trimestre de 2022. Os principais motivos foram a variação cambial líquida, que passou de uma variação líquida positiva de R$ 917 milhões no segundo trimestre de 2021 para um variação cambial líquida negativa de R$625 milhões no segundo trimestre de 2022, devido, principalmente, à exposição de dívida em dólar e variação do dólar nos respectivos períodos, e registro de despesa de -R$ 478 milhões de atualização monetária passiva dos processos judiciais de empréstimo compulsório, em especial devido à variação da taxa Selic aplicada sobre a parcela do principal e juros remuneratórios.
A dívida da Eletrobras foi substancialmente afetada pela desconsolidação da dívida bruta da Eletronuclear, no montante total R$ 6,8 bilhões, sendo que a Eletrobras continuará garantidora das dívidas da usina nuclear de Angra 3, anteriores à privatização, no montante de R$ 6,2 bilhões.
A partir do terceiro trimestre de 2022, a Eletrobras passará a consolidar a dívida líquida da SAESA de cerca de R$ 19,8 bilhões, na qual Furnas passou a deter 72% de participação, fato este que, se tivesse ocorrido neste segundo trimestre de 2022, estima-se que elevaria a Dívida Liquida da Eletrobras para R$ 34,9 bilhões.
A dívida líquida ajustada recuou 11%, de R$ 16,8 bilhões no segundo trimestre de 2021, para R$ 15,1 bilhões no mesmo período de 2022.
O investimento em geração totalizou R$ 460 milhões, considerando o investimento na Usina Nuclear Angra-3, da Eletronuclear: R$ 250 milhões realizados referente à retomada das obras após licitação em 2021. Nas usinas nucleares de Angra I e II houve realização de R$ 73 milhões referentes a manutenções.
Em transmissão, o investimento totalizou R$ 392 milhões, sendo R$ 128 milhões em reforços e melhorias com destaque para R$ 44 milhões na Chesf relacionado a projetos de videomonitoramento e teleassistência em diversas subestações, entre outros, R$ 30 milhões na CGT Eletrosul e R$ 26 milhões na Eletronorte.
Em termos de evolução do mercado de energia, as Empresas Eletrobras, no segundo
trimestre de 2022, venderam 31,3 TWh de energia, contra 31,5 TWh negociados no mesmo período do ano anterior, o que representa uma queda de 0,6%. Esses volumes incluem as energias vendidas das usinas sob o regime de cotas, renovadas pela Lei 12.783/2013, bem como pelas usinas sob regime de exploração (ACL e ACR). Com o advento da capitalização foram excluídas as energias de Itaipu e Eletronuclerar a partir de 2T22 e referentes a 2021 para fins comparativos.
A Eletrobras Holding apresentou lucro líquido de R$ 1,39 bilhão, uma redução de 45%
em comparação ao lucro líquido de R$ 2,51 bilhões no segundo trimestre de 2021. O resultado foi decisivamente influenciado por resultado de Participações Societárias, no montante de R$ 1,83 bilhão no segundo trimestre de 2022, enquanto no segundo trimestre de 2021 foi de R$ 3 bilhões, uma redução de R$ 1,20 bilhão, sendo influenciada, principalmente, piora nos resultados de Furnas (-R$ 970 milhões), Chesf (-R$ 385 milhões), sendo parcialmente compensado pela melhora do
resultado na Eletronorte (+R$ 136 milhões) devido ao efeito no resultado da alienação das ações da CEEE-T em abril de 2021.
Emerson Lopes / Agência CMA
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