Os juros futuros tiveram alta nesta segunda-feira (6), recuperando parte dos prêmios cedidos em sessões anteriores. O aumento dos yields dos Treasuries e a preocupação com a situação fiscal brasileira influenciaram esse cenário. Mesmo com o apoio declarado dos presidentes da Câmara e do Senado ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e à manutenção da meta de primário zero em 2024, o mercado permanece desconfiado de que essa meta possa ser modificada. Além disso, a expectativa de avanço das pautas econômicas no Congresso não trouxe alívio.
Movimentações nas taxas de juros futuros
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,870%, subindo de 10,822% na sexta-feira. O DI para janeiro de 2026 subiu de 10,60% para 10,72%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 10,90% (10,77% na sexta), e o DI para janeiro de 2029 registrou uma taxa de 11,28%, em comparação com os 11,16% no ajuste anterior.
Impacto nas taxas de curto prazo
As taxas de curto prazo foram menos afetadas, encerrando com um aumento moderado, principalmente devido à expectativa da divulgação da ata do Copom nesta terça-feira, que pode fornecer mais insights sobre o ciclo de cortes da Selic. Nos prazos mais longos, as taxas tiveram um aumento significativo, especialmente nos prazos a partir de 2030, refletindo a piora na percepção de risco no cenário nacional e internacional.
Reavaliação do cenário internacional
Na semana passada, o mercado apostou na possibilidade de o ciclo de aperto monetário nos EUA chegar ao fim, mas hoje reconsiderou essa perspectiva. “Muita gente ainda se pergunta se a alta de juros realmente acabou e a percepção é de que um corte também não chega antes do segundo semestre”, afirma Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
Pressão nos treasuries dos EUA
No final da tarde, os retornos dos Treasuries atingiram novos patamares máximos, após o Federal Reserve divulgar um relatório indicando padrões mais fracos de empréstimos para empresas de todos os portes, refletindo maior incerteza econômica e menor tolerância a riscos. A taxa da T-Note de 10 anos atingiu 4,64%.
Preocupações fiscais no Brasil
No Brasil, a situação fiscal ainda é motivo de preocupação. Embora a meta de déficit zero não tenha sido oficialmente alterada, a percepção é de que o dano já foi causado. Arthur Lira, presidente da Câmara, reforçou o compromisso de Haddad com o déficit zero e defendeu a busca de alternativas para atingir essa meta. A equipe econômica busca aprovar projetos no Congresso para aumentar a arrecadação e evitar contingenciamento de recursos. Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, também se comprometeu a contribuir com as aprovações necessárias para auxiliar o governo Lula a cumprir a meta fiscal.
Com informações do Broadcast
Imagem: Piqsels