O Bradesco mostrou projeção pessimista de estabilidade do Produto Interno Bruto (PIB) e aumento da inadimplência em 2023. O banco espera que a margem de mercado continue pressionada por conta do cenário macroeconômico mais desafiador, disse o presidente do banco, Octavio de Lazari Junior, em entrevista a jornalistas sobre os resultados do segundo trimestre.
“Com Selic a 14%, é necessário fazer ajustes no modelo de concessão de crédito, a
inadimplência está aumentando, então é natural que o banco aumente a cautela na concessão, aumentamos as provisões para cobrir os clientes que não vão poder pagar. A venda de carteiras também faz parte da estratégia usual do banco, como já falamos anteriormente”, disse Lazari Junior.
O executivo disse que a expansão da carteira deva retrair no segundo semestre após o anúncio de elevação da taxa básica de juros do Banco Central e prevê chegar a 14% ou mais perto do centro do guidance de 10% a 14% para o crescimento da carteira de crédito expandida, que chegou a 17,7% no primeiro semestre e totalizou R$ 855,4 bilhões. O nível de cobertura da carteira está em 62%.
A estratégia de concessão terá foco em operações de curto prazo, com ajuste do perfil a clientes de menor risco, tanto em pessoa física como jurídica. Na PF, o banco deve reduzir o empréstimo para financiamento imobiliário e investimentos para empresas, como foco em concessões para apoiar necessidades pontuais de capital de giro.
“Ainda assim, a concessão para o crédito imobiliário esse ano só deve perder para o de 2021, mesmo com o aumento de juros, especialmente na PJ”, avalia o CEO.
No segundo trimestre, a PDD expandida foi de R$ 5,3 bilhões e a relação entre a PDD expandida e a carteira expandida anualizada ficou em 2,5%.
O expectativa é explicada pelo crescimento em produtos de maior risco, como cartão de crédito pessoa física, então, com o aumento do risco, deve haver um ajuste na concessão. “Com 14% de taxa de juros, para PF tomar crédito, haverá cautela, então é natural que as pessoas esperem um pouco para organizar seus investimentos para o ano que vem”, comentou.
No ano, a margem com clientes alcançou 22,7%, de projetado em 18% a 22% para o ano. As receitas com prestação de serviços ficou em 6,7%, de 4% a 8% previstos. A meta de 1% a 5% em despesas operacionais para o ano chegou a 4,7% no semestre. O resultado das operações de seguros, previdência e capitalização está em 48,4%, de guidance de 18% a 23% para 2022. A PDD Expandida fechou o semestre em R$ 10,1 bilhões, de projeção de R$ 17,0 bilhões a R$ 21,0 bilhões.
Ontem à noite, o Bradesco divulgou lucro líquido de R$ 7,041 bilhões no segundo trimestre de 2022, o que significa um crescimento de 3,2% em relação ao trimestre anterior e de 11,4% na comparação com o mesmo período de 2021. O ROE no trimestre ficou em 18,1%. A margem financeira continua apresentando expansão, com evolução do spread bruto e líquido de PDD.
A companhia apresentou bom desempenho na área de seguros à expansão de segmentos vida, reajuste em veículos, e menor sinistralidade em relação à covid-19 desde o início da pandemia.
O banco também registrou aumento de 32% em volume transacionado em cartões de crédito devido à maior penetração nos segmentos de rendas mais altas (Exclusive e Prime).
A companhia disse que abriu 1,5 milhão de contas pelo aplicativo, superando o total de contas abertas por esse canal em 2021.
CIELO
O presidente do Bradesco disse que o novo CEO da Cielo deverá ser anunciado em agosto e que o processo de seleção está em andamento e que “não há nenhum stress nesse processo”.
O Bradesco tem 30% das ações da administradora de cartões, enquanto o Banco do Brasil tem 28,65% do capital social da Cielo.
Na última quarta-feira (3/8), Gustavo Sousa, deixou o cargo após um pouco mais de um ano no cargo. Renata Andrade Daltro dos Santos, atual vice-presidente Comercial de Grandes Contas, assumirá interinamente a presidência.
DEFESA DA DEMOCRACIA
Em relação à assinatura do manifesto pela defesa da democracia organizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o presidente do Bradesco disse que “a decisão de assinar o documento foi uma decisão pessoal em defesa da democracia, que é um patrimônio da sociedade brasileira e deve ser defendido.”
Cynara Escobar / Agência CMA
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